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São os parias, os servos, os illotas, Vivem nas covas humidas, ignotas, Sem luz e ar; arrancam-lhes as mães, Passam curvados nas manhãs geladas, E, depois de mortos, nas calçadas, Devoram-os os cães. Elles veem de mui longe... veem da Historia, Frios, sinistros, maus, como a memoria, Dos pesadellos tragicos e maus... Eu oiço os reis cantando em suas festas!

Da historia d'esses tragicos amores pouco se sabe ao certo, mas a lenda embala a nossa imaginação desde os primeiros annos da infancia; todos a conhecemos, e todos a acreditamos. Sabemos o que nos disse Camões, que copiou a tradição legada por Garcia de Rezende, servindo-se ás vezes das mesmas phrases.

A noite é a camara escura onde revelo os perfis tragicos das victimas, que são todos, menos tu! A noite passada foi elle! Estavamos na Villa-Feia. Lembras-te do eirado que domina o Ribeiro de Cobre? Foi dahi que o vi comtigo, daquella Eira de Vidro, donde tanta vez espreitei os vossos enleios, duma luxuria que eu sentia em cima, esporeado por infernos de ciume.

Eu rio sempre ao ver aquella magestade, Os tragicos desdens, Com que nos divertis, cobertos d'alvaiade, A troco d'uns vintens! Mas rio ainda mais dos histriões burguezes Cobertos d'ouropeis Que tomam, n'este mundo, em longos entremezes, A serio os seus papeis. São elles, almas vãs, consciencias rebocadas, Que, em fim, merecem mais O comentario atroz das rijas gargalhadas Que ás vezes disparaes!

Para o velho cantor eram fugidos ai! como luz que para sempre expira, os bellos tempos jovens e lusidos, as mulheres ideaes que o Amor inspira! Rotos, á chuva, os tragicos vestidos, posta de parte, empoeirada a lyra, achava-se hoje n'uma rua, ó mundo, velho, faminto, pobre, e moribundo! Sem ousar mendigar, como um vadio, vaga nas ruas da Cidade egoista. A tarde chega, o bello sol fugiu.

De que me vale a mim ser puro e justo, E entre combates sempre renovados, Disputar dia a dia á mão dos fados Uma parcella do saber augusto. Se a minh'alma ha de vêr sobre si fitos Sempre esses olhos tragicos, malditos! Se até dormindo, com angustia immensa Bem os sinto verter sobre o meu leito, Uma a uma, verter sobre o meu peito As lagrimas geladas da descrença!

Ella atravez passara d'almas, vidas, e dos martyres lugubres descalços, das jovens mães crueis infanticidas, das illusões e dos sorrisos falsos, atravez das eternas despedidas, dos crimes, dos incestos, cadafalsos, e de todos os crimes e desgraças que são os fructos tragicos das Raças.

O consocio de Virues na antiga guerra contra os preceitos classicos, Juan de la Cueva, depois de traduzir o Ajax de Sophocles, publicou em Sevilha duas tragedias originaes; uma fundada em certa tradição popular, e intitulada Los Siette Infantes de Lara, a outra tirada da historia romana e reunindo dois objectos tragicos, a morte de Virginia e a de Appio Caudio, sendo La Cueva o primeiro que pôs em scena estes successos, tantas vezes aproveitados depois.

Nos poemas tinham os poetas antigos que o mais levantado era a tragedia pela imitação natural da pratica, com introducção de figuras, junto com a gravidade, peso, e tristeza dos successos tragicos. E porque tambem a variedade é a que mais costuma enterter, e deleitar o animo dos homens, e esta é mais certa, e mais propria nos dialogos, me parece que no gosto d'elles serão melhor recebidos.

Noite de horror sempre abraçada a mim! Ó noite, onde ha soluços e estertores E procissões infindas de clamores... Multidões de phantasticas mulheres, A cantar, a cantar sinistros miséréres... Sombras que o vento leva... Doidos perfis de fogo a rir na treva Que nos desvenda as lividas entranhas, Com nuvens e contornos de montanhas, Com arvores agitadas de anciedades, Com desgrenhadas, intimas saudades E tragicos desejos que arrefecem, Soes que n'um mar de sangue desfalecem!

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