United States or Myanmar ? Vote for the TOP Country of the Week !


E ouço a voz de Oscar Wilde, seu vizinho de prateleira, a responder-lhe, com esse gesto de desencanto apolineo, tão perverso, que punha azas de grifo no lirismo azul dos seus olhos: «Voulez-vous savoir, dear, le grand drame de ma vie? C'est que j'ai mis mon génie dans ma vie; je n'ai mis que mon talent dans mes

Foi condemnado á pena de prisão por dois annos, que cumpriu em 1897. Maria Peregrina, defensora de Wilde, escreveu em inglês artigos e opusculos sobre o escabroso processo, quando elle tinha cumprido a pena e abandonado a Inglaterra.

Nós amamos tudo e sempre. O Amor é para nós a razão unica da Vida. Por isso Wilde, o condemnado, cantou ternamente o amor dos monstros e das flores; casou os homens com os habitantes imaginarios dos bosques e do mar, e expiou na prisão o delicto de ter gostado tudo, amando e cantando a symphonia das linhas, a intelligencia da Carne, a liberdade da alma! Quando será a libertação collectiva? Sei !

Imagine-se Sainte-Beuve, Taine e o sr. Oscar Wilde applicando este processo á critica! Para quê insistir sobre as surprezas que este methodo provocaria a cada momento? Ao espirito severo d'Herculano, cerrado ao moderno, o espectaculo das contradicções e das inconsciencias da nossa epoca repugnava. Por isso a sua obra foi uma evocação do passado e dos tempos gloriosos.

Vieram a proposito velhos cultos. Cada um de nós tinha concertado um Ceu para os seus santos um Ceu de Arte, limitado, que mal encheria duas paginas de Folhinha... Falei da obra revolucionaria de Dostoïewsky, D'Annunzio, da cruzada de Anatole, Maeterlinck, Nietzsche, Wilde e outros; confrontei a aspiração dos recem-cruzados da idéa-nova com o positivismo estreito dos ultimos cincoenta annos.

Precisamos de tratar-lhe a sensibilidade. E receitavam calmantes, repouso o inverso da vida que levava. Um mês depois levantou-se. Estava alquebrada, mas o tempo primava em lhe conservar a belleza, em desconto das infelicidades. Deu-se por esse tempo um acontecimento decisivo para ella. Paris intellectual, benevolo e esquecido das miserias intimas de Wilde, offereceu-lhe uma festa.

Eram estes requintes que Maria Peregrina apercebia e queria viver. Wilde tinha-lhe escripto um dia: «Aquelle que se entrega absolutamente a si proprio, não sabe nunca aonde vae parar». Queria saber aonde iria ter? O que desejava era calar os nervos, a sêde de imprevisto, que a queimava intimamente. Sahia a explorar a noite.

Datam daquelle tempo as suas relações com alguns escriptores inglêses e designadamente com Oscar Wilde, com quem se correspondia. Em março de 1895 foi o escriptor prêso por accusações do Marquês de Queensbury. O perseguidor muito aferrado ao Criminal Law Amendment Act fê-lo prender e julgar. Os debates deste processo, escandalosos pelas accusações e categoria do R., apaixonaram a opinião.

Dias depois, tivera logar a batalha de Setubal, que matou cerca de 600 homens de ambos os lados, em quatro horas que durou o fogo, e a que poz termo um armisticio, por uma especie de intervenção do coronel Wilde, que se achava n'aquellas paragens, a bordo do navio de S. M. Britanica Polyphemus.

Apenas recebeu o telegramma, Maria Peregrina partiu com Violet. E chegou a Paris quando Wilde entrava na agonia. Não o abandonou até 3 de dezembro, em que foi com raros amigos acompanhá-lo a Bagneux. Era uma triste manhã de dezembro. Á porta do cemiterio desceram a urna os amigos do Artista, conduzindo-o até á modesta sepultura, por entre fileiras de cruzes e arvores nuas de folha.

Palavra Do Dia

disseminavam

Outros Procurando