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Contentava-me em ir á egreja de Sant'Anna, todo de negro, com um ripanço. Não encontrava a titi, que tinha agora de manhã no Oratorio missa do torpissimo Negrão. Mas me prostrava, batendo contritamente no peito, suspirando para o Sacrario certo que, pelo Melchior sacristão, as novas da minha devoção inalteravel chegariam á hedionda senhora.

A deliciosa quinta do Mosteiro, com o seu pittoresco portão d'entrada onde se viam ainda as armas dos condes de Landoso, as inscripções de Credito Publico, a mobilia do campo de Sant'Anna, o Christo d'ouro para o padre Negrão. Tres contos de reis e o relogio para o Margaride. A Vicencia tivera as roupas de cama. Eu o oculo!

Anciosamente saltei através das linhas tropeçando sobre os detalhes «congestão dos pulmões... Sacramentos recebidos... Todos a chorar... O nosso Negrão!...» E empallidecendo, n'um suor que me alagava, avistei, ao fim da lauda, a nova medonha: «do testamento da virtuosa senhora, consta que deixa a seu sobrinho Theodorico o oculo que se acha pendurado na sala de jantar...» Desherdado!

Margaride, abespinhado, franziu as sobrancelhas temerosas e mais negras que o ebano: Ninguem n'esta sala, melhor que eu, snr. padre Negrão, saboreia o grandioso! E a titi, insaciavel, batendo com o leque: Está bem, está bem... Conta, filho, não te fartes! Olha, conta assim uma coisa que te acontecesse com Nosso Senhor, que nos faça ternura... Todos emmudeceram, reverentes.

O digno Magistrado uma tarde, á mesa, annunciou que o horrendo Negrão, desejando arredondar as suas propriedades em Torres, decidira vender o velho solar dos condes de Landoso. Ora aquellas arvores, Theodorico lembrou o benemerito homem deram sombra á senhora sua mamã.

Justino, aos pulos, celebrou esse John Bull desmantelado a sólida murraça lusitana. E eu, excitado pelos louvores como por clarins d'ataque, bradava de , medonho: impiedades diante de mim, não! Arrombo tudo, esborracho tudo... Em coisas de religião sou uma fera! E aproveitei esta santa cólera para brandir, como um aviso, diante do queixo sumido do Negrão, o meu punho cabelludo e pavoroso.

E, n'uma vespera de Paschoa, assignei no cartorio do Justino, com o procurador do Negrão, a escriptura que me tornava emfim, depois de tantas esperanças e de tantos desalentos, o senhor do Mosteiro! Que faz agora esse maroto d'esse Negrão? indaguei eu do bom Justino, apenas sahiu o agente do sordido sacerdote. O dilecto e fiel amigo deu estalinhos nos dedos. O Negrão pechinchava!

Justino hesitou, fez estalar os dedos: Mais queimado! E o Margaride, carinhosamente: Mais homem! O onduloso padre Negrão revirou-se, arqueado para a titi como para um Sacramento entre os seus mólhos de luzes: E com um todo d'inspirar respeito! Inteiramente digno de ser o sobrinho da virtuosissima D. Patrocinio!...

No emtanto em torno tumultuavam as curiosidades amigas: «E a saudinha?» «Então, Jerusalem?» «Que tal, as comidas?...» Mas a titi bateu com o leque no joelho, n'um receio que tão familiar alvoroço importunasse S. Theodorico. E o Negrão acudiu, com um zelo mellifluo: Methodo, meus senhores, methodo!... Assim todos á uma não se goza...

Eu rosnei, pallido: Que besta! Chame-lhe besta, amiguinho!... Tem carruagem, tem casa em Lisboa, tomou a Adelia por conta... Que Adelia? Uma de boas carnes, que esteve com o Eleuterio... Depois esteve muito era segredo com um basbaque, um bacharel, não sei quem... Sei eu. Pois essa! Tem-n'a por conta o Negrão, com luxo, tapete na escada, cortinas de damasco, tudo... E está mais gordo.

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