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E ho Conde lhe respondeo: «Senhor, eu sei beem ho que sobresso devo fazer, e de mi se dee seguro, que nunqua vos venha nojo, nem desprazer, nem desserviço, porque bem conheço, que nom aa pessoa neste mundo ha que tam obrigado seja como ha voos». E sobresta segurança dice, que com sua licença se queria ir ha Santarem com ho Ifante, e que na jornada ho nom desserveria, e que logo se tornaria pera elle, e assi ho fez.

Diogo Fernandes aceitou a embaixada; mas segundo o que d'elle se suspeitou, elle a não cumpriu como devera; porque chegou sómente a Alter do Chão, uma légua do Crato, e d'alli se tornou para Santarem, sem obrar nada do que lhe mandáram; dando por razão que alli fôra por maneira informado da tenção da Rainha para não fazer nada do que lhe ia requerer, que houvera por escusado ir mais adiante; mas a geral opinião foi que por ser casado com uma filha do Priol do Crato, elle era sabedor de todolos movimento passados, e que folgou de não fazer por si cousa em que a Rainha recebesse nojo nem desserviço contra seu sogro.

O Conde foi logo ao Castello, e o Alcaide abrio logo as portas delle, e tomou a molher, e a filha, e as poz fóra dizendo: «Leixemos este Castello a cujo é». E com esso se poz de joelhos diante o Conde, e com as chaves delle nas mãos alevantadas lhe dice: «Senhor, pois a Deos prouve que El-Rei Dom Sancho, vosso irmão falecesse tomai vossas chaves, e vosso Castello, e daqui por diante eu vos servirei, e haverei por Rei, e Senhor». E logo amostrou ao Conde, e á nobre gente que era com elle as escrituras das deligencias, que em Toledo por sua honra, e descargo fizera, e acertou-se que um Cavalleiro do Conde, que era prezente dice a Dom Martim de Freitas: «Que porque não pedia perdão ao Conde, por quanto nojo e desserviço lhe fizera, e por lhe ferir, e matar tanta gente, denegando-lhe tanto tempo a entrega e obediencia do Castello, que era seu».

E porque ho Ifante vio, que ElRei seu padre em nhuma parte destas lhe nom satisfazia, aconselhado, e induzido falsamente de hum Gomes Lourenço Vogado de Beja, filho de hum Carpinteiro, que depois foi Freire de San-Tiago, teve taaes meios, e inteligencias com a Rainha Dona Maria de Castella sua sogra, que ella enviou pedir ha ElRei D. Diniz, que por quanto desejava ver muito sua filha, e seu genro, e os Ifantes seus netos, que jaa tinha, ouvesse por beem que elles ha fossem ver ha Castella, e porque ElRei por secretos meios que laa trazia soube, e entendeu craramente, que has taaes vistas naõ eram pera algum beem, nem asecego seu, e de seu filho antes pera alguma torvaçaõ, e dano dambos, e do Regno, falou sobresso aho Ifante, e lhe rogou, e encomendou que por sua bençam escuzasse sua ida, ha quaal fosse certo, que ha elles, nem ha Portugal nom trazia proveito, antes era fundada, e requerida pera seu desserviço, e dano da teerra, e que abastava por principaal pera elle deixar de hir ha Castella, em cazo que outro nom ouvesse dezejar elle, e querer que nom fosse, ha que elle por aver sua bençaõ devia mais de obedecer que aa Rainha sua sogra.

E Tanto que o Infante D. Pedro foi em Camarate, que era no começo de Setembro do anno de mil e quatrocentos e XXXIX, logo escreveu a todolos logares do reino notificando-lhe os movimentos que se esperavam, de que era certificado, e as causas de quem procediam, encommendando-lhe que logo se fizessem e estivessem prestes para quando vissem seu recado; por quanto de semelhantes uniões não se podia seguir, salvo desserviço de Deus e d'El-Rei e grande mal e damno de seus reinos e naturaes, e assi foram avisados do Infante os messageiros que levaram as cartas, que todas em todo o reino a um dia certo e logo assignado por elle, fossem dadas.

Onde depois de em pessoa recontar suas querellas e aggravos, com mais graveza por ventura do que foram em effeito, El-Rei por satisfazer a ella e cumprir a vontade dos Infantes, enviou ao Infante D. Pedro uma e muitas vezes mui continuas embaixadas, umas brandas e outras com aspereza, umas mostrando desejar paz, e outras mais desafiando guerra, apontando sempre taes meios em favor e contentamento da Rainha, que a sem razão e o desserviço d'El-Rei de Portugal e o dano do seu reino, que claramente comsigo traziam, conselhavam que se não acceitassem; especialmente porque em todos se requeria que a criação d'El-Rei e do Principe seu irmão e irmãs fosse á desposição da Rainha, ou ao menos em poder de dois cavalleiros, quaes a ella prouvesse, que fossem de todo isentos da juridição e mandado do Infante, o que o reino todo por causas mui evidentes e necessarias sempre contrariou, e muito mais o Regente, que mostrava haver por singular bem-aventurança e grande repouso para si e para seus filhos o amor d'El-Rei, de que tinha certa esperança, pois com tanto amor e perfeição o criava, e de que seria desesperado se fóra de seu poder, e com seu odio e de muitos outros o criassem.

Apesar, porém, de tantas affinidades e sympathias que deve haver e ha entre mim e o historiador do Piemonte e da Economia Politica da Idade-Media, se a situação da Sardenha em relação ao commercio de livros era analoga á de Portugal; se as condições do convenio negociado por Cibrario foram as mesmas e assentaram sobre os mesmos principios de industrialismo litterario que caracterisam a convenção de 12 de abril, me resta accrescentar que foram dous homens eminentes, em logar d'um , que no anno do Senhor de 1851 fizeram, não obstante as mais puras intenções, um altissimo desserviço ás suas respectivas patrias.

Mas os Infantes seus irmãos sabendo a pouca firmeza e segurança que tinham em Castella, e que lhe não cumpria fazer por então novas alterações contra si, tomaram a parte mais branda, e enviaram aos Infantes d'estes reinos com sua embaixada um D. Affonso Anrique, bisneto d'El-Rei D. Anrique, que da sua parte com palavras honestas lhes rogou em sustancia «que sobre a determinação das primeiras côrtes não fizessem com a Rainha sua irmã alguma outra enovaçãoAo qual os Infantes responderam «que á Rainha não era feita injuria nem desserviço, nem lhe tiravam senão cuidados e trabalhos, a que suas forças por ser mulher não abastavam, e cargos de conciencia, o que ella devia querer; porque o Regimento do reino a ella de razão e direito não pertencia.

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