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E preso á tentação de vêr a dançarina, deixei Aix e as duchas, Villa des Fleurs e o seu rebanho de cocottes e, com Roberto, á pressa envergados os smokings, fomos para o Kursaal. Mas no salão, um aviso e um certificado medico diziam a doença de Chiara. Um grande desanimo abateu-me as espaduas. Como passar uma noite na cidade alinhada e mecanica como um relogio?

Ao entrar no «Paseo de la Aduana» para esperar um tranvia que me levasse ao Parque, vi passar n'uma carruagem, fresca, toda vestida de branco, como um ramo de goivos brancos, Chiara Liliam, a cantora italiana que mezes antes conhecera em Genebra, no Kursaal, e com quem passeára no Leman, pelas tardes quietas de agosto e pelas noites de luar, ouvindo-a cantar, não as operas transcendentes com que regalava os suissos e inglezes, mas ligeiras canções napolitanas, que tomavam na sua bocca uma voluptuosidade mais fina e adormeciam, envenenando-as, as nossas Almas.

Ah! Chiara Liliam! As tardes limpidas e serenas em que vimos a paisagem doce, fecunda, do cantão de Genebra, no vapor da carreira, alheiados das inglezas de Cook, de dentes monumentaes e canotiers ridiculos!

Ia para onde ella quizesse, para fazer alguma coisa e não ficar, no hall do Metropole Hotel, de olhos pasmados para os decotes largos das ladies, que liam jornaes. Mas nenhum amor, nem mesmo sabia, talvez, se era macia a pelle da cantora. E assim viviam, ella feliz pela liberdade, risonha como um galho d'eglantines, elle, com uma razão de viver: acompanhar Chiara.

Era como um grito de vitória, um beijo mordido n'uma boca sedenta. Chiara tomava então uma atitude de entrega, todo o seu corpo flexivel e delgado parecia tombar, como uma haste fragil que cede ao explendor de uma enorme rosa vermelha, e verga e sucumbe. A grande flôr d'oiro e luz, em que as abelhas das joias picavam e pareciam morder, fixas nas lhamas dos engastes!

Apenas do Kursaal as luzes coavam-se pelas ramadas e, amortecidas, as walsas que acompanhavam mimambos e acrobatas. Um de nós disse: Talvez fosse melhor não ter visto Chiara. Um com a recordação, de que viu, outro com a imaginação, teem uma imagem mais bella, por incompleta, e em parte mentirosa, da dançarina e do seu bailado.

Um diadema apertava a massa luminosa dos seus cabellos loiros. E, na face branca, eram d'um brilho de gema os olhos azues, quasi violeta-de-Parma. A musica que a acompanhava tinha um envenenado langor. Chiara deslisava, mal pousando os pés nús sobre o tapete de Smyrna.

Eu levára Roberto ali para mostrar-lhe Chiara, a dançarina italiana, que nas suas danças bisantinas me surpreendera e comovera no Alhambra de Londres. Era a Volupia feita luz e feita dança. N'um maillot de seda, parecia nua. Uma cintura de oiro, marchetada de largas pedras brilhantes segurava-lhe os seios firmes. Grossas manilhas mordiam os braços finos e os tornozellos.

Nem alcoolico, nem etheromano, abominando a morfina e a cocaina, tomando uma leve taça de café, apenas, resignára-se na vida, «deixava-se morrer», dizia. Andava com Chiara, porque era preciso ter uma amante, como uma ecurie, um palacio em Londres, um castello na Escocia e uma villa na Riviera, decorada por Burne Jones. Chiara Liliam era a sua vontade.

Chiara, que viu o meu cumprimento, mandou-me subir para o trem. Venha comigo ao parque... se não tem melhor... Ia justamente para aborrecer-me... Então venho a proposito... Perguntei-lhe por lord Carnehan. Ó meu Deus! Lord Carnehan tornou-se para mim uma obsessão. Era como um vidro negro que me punham nos olhos para eu vêr a vida. Nada me parecia claro, luminoso, florido.

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