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Quando tivesse levado a cabo esta empreza, então poderia fazer alguma cousa com plena consciencia. E a pequena sala de Villalva encheu se de estantes de livros, de retortas e de apparelhos estranhos que a rude gente da aldeia olhava com curiosidade e desconfiança.

Iria a Coimbra, soffreria a tortura de viver ali durante um ou dois mezes e, quando voltasse a Villalva, saberia dominar-se, affastando-se de Maria. De longe, silenciosamente, faria sua a alegria da sua amada onde a encontrasse, ou cantando na romaria ao lado do namorado ou batendo a roupa sobre as lageas do rio, á sombra dos salgueiros.

Porque saira de Villalva, porque não ficára ali como seus paes modesto e ignorado? Talvez... talvez... Uma suspeita lhe passava pelo espirito... Talvez então vivesse contente com Maria, no seu casal abençoado e fecundo. Ai, quanta saudade d'essa felicidade ignorada que em sonhos sentira! Sob esse sentimento deixava Coimbra e com elle ahi regressaria.

Ás vezes deixava-se possuir d'um extremo cansanço, tinha saudades da sua terra, parecia-lhe que cousa alguma valia tanto como a paz de Villalva e até a imagem da sua Conceição d'outros tempos lhe passava meigamente pelos olhos. Fadiga!

Claudio teve um momento de pasmo, A vida simples de Villalva e a vida estreita que levava em Albergaria não o tinham educado a passar indifferente pela riqueza e pelo luxo; captivavam-no pela novidade, pela sensualidade, pelo preconceito bebido nos livros materialistas de que a expansão de todos os appetites era salutar e humanamente digna, e, mais do que isso, pela sympathia com o espirito frivolo de Emilia.

Não era de Paris que se fallava, era de Villalva, da sua paz e das suas alegrias.

N'estes errores do espirito se consumiram os cinco annos que Claudio passou em Coimbra; ao fim d'elles era necessario voltar a Villalva.

Que era feito dos doces ruidos de Villalva, da voz do pae marcando trabalho ao creado, dos passos da mãe na cosinha, abrindo a arca para levar o milho á creação? Tinha saudades, as lagrimas marejavam-lhe nos olhos, mas a novidade da payzagem e a vertigem do movimento distraiam-n'o e moderavam esta hora de angustia. Estava ao do mar.

Por isso, quando Claudio veio passar o natal a Villalva, o pae, que desde a morte do tio nunca mais o vira porque evitava a occasião de o encontrar, addiando um momento que lhe era desagradavel, disse-lhe seccamente: Teu tio deixou-te tudo. Ora tu tens dezesseis annos e a lei dá-me o direito de administrar o que é teu até á tua maioridade; mas a minha tenção é emancipar-te aos dezoito annos.

Demais, pensava em fazer uma longa viagem que era necessaria para se instruir; custava-lhe deixar a mãe em Villalva, entre uma gente estupida, sem recursos, sem medico, sem ter quasi quem lhe accudisse n'uma doença ou n'um desastre. Lembrava se do que acontecera com a morte do pae; por pouco deixou de se vêr sósinho nos seus ultimos instantes. A mãe ouviu com grande pasmo e surpreza.

Palavra Do Dia

entristecia-se

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