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O isolamento em que vivera em Villalva, os aturados conselhos da mãe, ensinando-o cedo a distinguir entre o bem e o mal, o exemplo da austeridade do pae, mataram á nascença na sua alma todo o germen de expansão e de lucta, quebraram todas as forças animaes e deixaram o terreno varrido para n'elle se alastrar a dolorosa consciencia da obrigação.

Intencionalmente evitava fallar de Villalva; quando alguem tinha a indiscrição de lhe perguntar pelas suas lavouras, respondia com um laconismo que cortava todo o seguimento da conversa. Na sua ausencia, porém, o seu viver era muito discutido. Em geral, julgavam-n'o um maniaco.

Os seus olhos resplandeciam de felicidade ao transpôr a estreita porta do casal de Villalva, para que as trevas do coração jámais se derramassem na luminosa paz d'essa velhinha que nas suas orações não cessava de pedir a Deus que ungisse o filho com as suas bençãos. Mas, voltadas as costas a esse sanctuario, logo a tristeza involvia Claudio como n'uma lugubre mortalha.

Ao fim d'um mez, talvez podesse regressar a Villalva inteiramente de posse da sua vontade que empregaria com firmeza em evitar quanto podesse levantar a mais ligeira duvida sobre a honra de Maria. Ia pôr-se a caminho. Saiu de Coimbra por uma madrugada humida e fria. Vinha rompendo o dia.

Essas visitas, á proporção que o caracter de Laura se revelava, começavam a tornar-se um problema inquietador. Para Claudio eram a maior das alegrias; a presença da mãe e das serras de Villalva eram para o seu coração um magico lenitivo que apagava todas as dores sem o minimo esforço da razão e do pensamento.

Afigurava-se-lhe uma mulher alheia. Desconhecia-a. Varrido e abandonado o palacio de Albergaria, n'essa pequena sala de Villalva, com sua mãe, via em torno os montes escalvados, em baixo o estreito campo a que déra todos os seus cuidados, ao longe um retalho da varzea cortada pelo rio. Tarde de primavera, suavidade e silencio, cortado pela voz guthural do lavrador que animava o jugo!

Com estas instrucções partiu para Villalva onde foi encontrar o amigo, morto, sobre o leito, lavado e vestido pelas mãos de Maria e do creado Luiz. Não se atreveu a entrar sem pedir que o annunciassem a Maria. Ella veiu recebel-o á sala. Jorge não teve coragem de articular uma palavra, tão grande era a commoção em que todo este drama o lançava.

Claudio comprehendia mal a lição do amigo e estranhava o calor com que lhe era dada; no collegio nunca ouvira fallar de estofos e mobilias, em Coimbra vivera retirado de elegancias e em Villalva trabalhava-se de sol a sol; a mais brilhante peça da casa era a enxada polida entre os seixos da serra.

Cobardia! Havia de a insultar e fugir? Pediria primeiro o seu perdão, ai! quanto lhe seria doce! depois... talvez, talvez... E o seu espirito perdia-se n'um labyrintho e o coração vogava em ondas de dôr. N'este martyrio passou todo o dia. Ao jantar queixou-se á mãe. Ainda não se sentia bom. Se fosse estar dois dias em Villalva, poderia fazer-lhe bem a mudança d'ares.

O que?! Amar uma mulher para lhe dizer palavras doces, olhar para ella, contar-lhe o que se fazia em Villalva, ouvir a que horas ella ia á fonte e a que horas lavava a roupa?! Não era um homem! Não se atrevia a ir mais adeante, não queria tomar as responsabilidades do descredito d'uma rapariga?

Palavra Do Dia

lodam

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