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Perto de Aranjuez, o ousado conductor da carroça dissera, fustigando a parelha, digam o que disserem, e façam o que fizerem, tu has-de ser minha mulher; mas guarda segredo. Mercedes soubera ser discreta como a estatua do silencio. Mas os emissarios do rei de Hespanha, entrando no palacio de S. Telmo, aclararam o mysterio d'aquella tarde aventurosa.

Olha: eu sei?... mas não dariamos nós, com demasiada precipitação, uma fe tam cega, uma crença tam implicita a essas mysteriosas palavras de um romeiro, um vagabundo... um homem emfim que ninguem conhece? Pois dize... *Telmo*, áparte a Jorge. Tenho que vos dizer, ouvi. *Manuel*. Oh Magdalena, Magdalena! não tenho mais nada que te dizer.

Não te lembras o que diz do nosso rei D. Sebastião?... como havia de elle então morrer? Não morreu. Aquelle aspecto tam triste, aquella expressão de melancholia tam profunda... aquellas barbas tam negras e cerradas... e aquella mão que descança na espada como quem não tem outro arrimo, nem outro amor n'esta vida... *Telmo*, deixando-se surprehender. Pois tinha, oh se tinha...

*Telmo*, batendo de fóra á porta do fundo. Acordou. *Manuel*, sobresaltado.

Abençoou-nos Deus na formosura, no ingenho, nos dotes admiraveis d'aquelle anjo... E tu, tu, meu Telmo, que es tam seu, que chegas a pretender ter-lhe mais amor que nós mesmos... *Telmo*. Não, não tenho! *Magdalena*. Pois tens: melhor.

*Magdalena*, correndo a abraçar Manuel de Sousa. Estou boa ja, não tenho nada, espôso da minha alma, todo o meu mal era susto; era terror de te perder. *Manuel*. Querida Magdalena! *Magdalena*. Agora estou boa: Telmo ja me disse tudo, e curou-me com a boa nova. *Jorge*. Ora pois, mana, ora pois!... Louvado seja Elle por tudo. E haja alegria!

Passar os dias retirado n'essa quinta tam triste d'além do Alfeite, e não podêr vir aqui senão de noite, por instantes, e Deus sabe com que perigo! *Telmo*. Perigo nenhum; todos o sabem e fecham os olhos. Agora é so conservar as apparencias ahi mais uns dias, e depois fica tudo como d'antes. *Maria*. Ficará, póde ser, Deus queira que seja! *Telmo*, olha, e víra a cara de repente.

*Telmo*. Emendae-o, senhora. *Magdalena*. Não, Telmo, não preciso nem quero emendá-lo. Mas agora deixae-me fallar. Depois que fiquei so, depois d'aquella funesta jornada de Africa que me deixou viuva, orphan e sem ninguem... sem ninguem, e n'uma edade... com dezasette annos! em vós, Telmo, em vós so, achei o carinho e protecção, o amparo que eu precisava.

MANUEL-DE-SOUSA e criados: MAGDALENA, MARIA, TELMO E JORGE accudindo. *Magdalena*. Que fazes?... que fizeste? Que é isto, oh meu Deus! *Manuel*, tranquillamente. Illumino a minha casa para receber os muito poderosos e excelentes senhores governadores d'estes reinos. Suas excellencias podem vir quando quizerem.

*Telmo*. Por tam longe andastes? *Romeiro*. E por tam longe eu morrêra! Mas não quiz Deus assim. *Telmo*. Seja feita a sua vontade. *Romeiro*. Pêza-te? *Telmo*. Oh, senhor! *Romeiro*. Pêza-te? *Telmo*. Hade-me pezar da vossa vida? Parece-me que menti... *Romeiro*. E porque não, se ja me pêza a mim d'ella, se tanto me pêza ella a mim? Amigo, ouve... Tu es meu amigo? *Telmo*. Não sou?

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