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MARIA, TELMO e MANUEL DE SOUSA *Manuel*. Aquelle era D. João de Portugal, um honrado fidalgo, e um valente cavalleiro. *Maria*, respondendo sem observar quem lhe falla. Bem m'o dizia o coração! *Manuel*, desimbuçando-se e tirando o chapeu com muito affecto. Que te dizia o coração, minha filha? *Maria*, reconhecendo-o. Oh meu pae, meu querido pae! ja me não diz mais nada o coração senão isto.

Olhae: e não tenhaes cuidado commigo: vai meu pae, vai o tio Jorge, levo a minha aia, a Dorothea... E, é verdade, o meu fiel escudeiro hade ir tambem, o meu Telmo. *Magdalena*. E tua mãe, filha, deixa-la aqui so, a morrer de tristeza? *Manuel*. Tua mãe tem razão: não hade ser assim, hoje não póde ser. *Jorge*. Ora pois; eu ja disse que não queria ver hoje ninguem triste n'esta casa.

Mas este retratto que ella não nomeia nunca de quem é, e so diz assim ás vezes: «O outro, o outro...» este retratto, e o de meu pae que se queimou, são duas imagens que lhe não sahem do pensamento. *Telmo*, com anciedade. E ésta noite ainda lidou muito n'isso?

O accesso de febre, que a tomou quando chegámos de Lisboa e que viu a mãe n'aquelle estado, parecia declinar... quebrar-se mais alguma coisa. Dorothea, e Telmo... pobre velho coitado!... estavam aopé d'ella, cada um de seu lado... disseram-me que não tinha tornado a... a... *Manuel*. A lançar sangue?... Se ella deitou o do coração!... não tem mais.

Adeus, espôso do meu coração! Maria, minha filha, toma sentido no ar, não te resfries. E o sol... não sáias debaixo do tôldo no bergantim. Telmo, não te tires d'aopé d'ella. Dá-me outro abraço, filha. Dorothea, levaes tudo? Ouve. *Manuel*. Não tenhas cuidado; vamos todos com ella. *Magdalena*, seguindo com os olhos a filha e respondendo a Manuel de Sousa. Cuidados!... eu não tenho ja cuidados.

*Magdalena*. Valha-me Deus, Telmo! Conheço que desarrazoaes, e comtudo as vossas palavras mettem-me um medo... Não me façaes mais desgraçada. *Telmo*. Desgraçada! Porquê? não sois feliz na companhia do homem que amaes, nos braços do homem a quem sempre quizestes mais sôbre todos?

*Magdalena*. Olhae, Telmo; eu não vos quero dar conselhos: bem sabeis que desde o tempo que... que... *Telmo*. Que ja vai, que era outro tempo. *Telmo*. Não, a senhora D. Maria ja é mais alta. *Magdalena*.

Um anjo como aquelle... uma viveza, um espirito!... e então que coração! *Magdalena*. Filha da minha alma! Conheci-te de tam criança, de quando casei a... a... a primeira vez costumei-me a olhar para ti com tal respeito: ja então eras o que hoje es, o escudeiro valido, o familiar quasi parente, o amigo velho e provado de teus amos. *Telmo*, internecido.

Telmo estava aqui aguardando por mim, e com ordem de não abrir a ninguem em quanto eu não viesse. *Magdalena*. Aqui havia duas vozes que fallavam: distinctamente as ouvi. *Telmo*, aterrado. Ouvistes? *Magdalena*. Sim, ouvi. Onde está elle, Telmo? onde está meu marido... Manuel de Sousa?

O arcebispo não é decerto, ja ca está ha muito no convento: diz-se por ahi... *Manuel*. Que são os governadores? MANUEL DE SOUSA, MAGDALENA, TELMO, MIRANDA e os outros criados; JORGE e MARIA entrando. *Manuel*. Jorge, acompanha éstas damas. Telmo, ide, ide com ellas. *Miranda*. Quasi tudo foi ja; o pouco que falta está prompto e sahirá n'um instante... pela porta detrás, se quereis.