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Atualizado: 20 de outubro de 2025


Dorothea segredava á freira os seus receios, e esta pedia-lhe muito encarecidamente que não proferisse uma palavra sobre tal desconfiança. Acontecia, porém, que todas suspeitavam o mesmo; a morte de Francisco Salter.

Salter lançou-se-lhe aos braços, chorando como uma creança, e proferindo afogadas exclamações, que pareciam os gemidos que faz soltar uma dor physica incomportavel. Então isto é muito mais valioso do que eu suppunha! disse o ajudante de ordens Que feliz eu sou, se vim tirar-te de alguma duvida tormentosa. Trouxeste-me a esperança, a vida, o céo. Estas cartas são d'ella, da minha esposa.

Não trago cartas, minha senhora. Não?! atalhou ella com vehemencia e sobresalto. Não, snr.ª D. Carlota. Francisco Salter não lhe escreveria, ainda que podesse... Como?! não entendo!... Não escreveria... porque? Se a menina serenar um pouco, tomarei a liberdade de historiar-lhe vagarosamente a vida do homem que lhe mereceu um grande amor, digno, permitta-me dizer-lh'o, de ser melhor applicado.

Francisco Salter de Mendonça continuou o doutor Joaquim Antonio de Sampayo, sorvendo uma pitada pela venta direita, e comprimindo a outra com o dedo indicador da mão esquerda é um tenente da brigada real de marinha, é natural de Lisboa, e está aqui ha dois annos a bordo do brigue Audaz.

A tradição, porém, mais corrente, e sustentada por pessoas coevas de grande auctoridade, é que Francisco Salter não voltara ao convento depois d'aquella fuga mallograda, senão anno e meio mais tarde, vestido com o habito da ordem benedictina. Foi-me, portanto, necessario pedir informações a um conventual de frei Francisco da Soledade, que assim se chamou na religião o capitão de marinha.

Norberto proseguiu Francisco Salter, cedendo ao prazer de affrontar a mentira do villão diante da propria filha disse-me que v. s.ª e sua mãe estavam na Bandeira ouvindo missa, e eu... retirava-me... Carlota encarou o velho, e viu um tregeitar de olhos, que a obrigou a baixar os d'ella, por vergonha de si e de seu pae. Salter teve de ambos, e mudou de conversação.

C. Pereira de Castro. Francisco Salter de Mendonça, de Lisboa ao Rio de Janeiro escrevera um diario, em que mais se accusava a si de ingrato que aos seus cavillosos protectores de crueis. A saudade era encruada pelo arrependimento. Ao passo que o horizonte da patria se perdia nas orlas do mar, o atribulado mancebo não sentia da esperança o conforto que o alentava no instante da partida.

Salter teve muitas cartas. Examinou os sobrescriptos, primeiro com o rosto incendido pelo giro alvorotado do sangue; depois, á maneira que estremava as cartas, sobreveio o desmaio, a pallidez do susto; e finalmente o turvamento, a prostração, o cair alquebrado sobre uma cadeira, com os dedos recurvados na fronte, que revia suores frios.

Olhe que eu passo-o de um lado ao outro! Francisco Salter afastara-se; Godinho correra á porta, vendo desapparecer o adversario; rodara a chave com feliz exito; galgava o corredor que o devia levar á escada; mas na extremidade d'esse corredor havia uma porta que se abriu: Godinho estacou um momento diante de Mendonça, recuou o braço armado para impellir uma estocada porém a ponta de um faim a duas pollegadas do peito, restaurou-lhe o juizo prudencial, que perdera, um instante.

Aquietada a angustia, depois de enfurecidos impetos, Salter quiz escrever, arrojou a penna, e levou as mãos á fronte, como a segurar uma ideia consoladora. Vou a Portugal! murmurou elle fujo, deserto, perco-me, mas vou a Portugal. Carlota está morta, ou atraiçoou-me! Este projecto foi-lhe um desafôgo n'aquelle dia. Nenhum estorvo se lhe avultava insuperavel.

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