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Atualizado: 20 de julho de 2025
Encostado aos ferros do côro, com a fronte banhada de suor frio, e a luz dos olhos turvada, Francisco Salter estava já amparado entre os braços das pessoas que o reconheceram. Fez-se um grande reboliço na igreja. A multidão agglomerava-se em redor do official de marinha, sem poder averiguar a causa dos gemidos que se ouviam no côro. Não eram de Carlota Angela esses gemidos.
Acrescentava o bacharel que Salter de Mendonça traduzia e espalhava os escriptos mais incendiarios dos revolucionarios francezes em 1791, e propalava que Portugal não podia ser feliz sem mandar um rei de companhia a Luiz XVI. Manique estava tranzido! O orador, electrisado com o pasmo do ouvinte, entrara na sua hora feliz.
Já professou? perguntou o individuo machinalmente a um rosto conhecido que proferira o seu nome, Agora mesmo. Professa! exclamou Francisco Salter de Mendonça, correndo para as grades do côro Professa! Tudo perdido, tudo perdido!
Colleccionei das vagas lembranças do egresso que fora seu companheiro de noviciado em Tibães, as seguintes miudezas, que apenas satisfizeram a minha curiosidade: Francisco Salter apparecera na manhã do dia seguinte áquella noite do anterior capitulo, no mosteiro de S. Bento da Victoria pedindo ao dom abbade que o admittisse a noviciado.
O examinador, espantado de encontrar o nome do seu amigo entre papeis do defuncto jacobino, receiou que algumas intelligencias desgraçadas e deshonrosas para Francisco Salter podessem existir com os clubs revolucionarios.
O melhor, na minha desgraça, é morrer, Francisco; morrer martyr, morrer digna de pedir ao Senhor por ti... Francisco Salter balbuciava apenas monosyllabos. As palavras da freira calaram-lhe na alma um spasmo atribulado. Carlota sentia-o tremer como ella, ou mais ainda: o seu terror augmentava, com o silencio de Mendonça, com aquella especie de assentimento que elle dava aos presagios d'ella.
Francisco Salter foi, n'aquelle mesmo dia, ao Candal offerecer a Norberto de Meirelles os seus serviços em Lisboa, onde era chamado pressurosamente. O negociante não tinha pratica ou habilidade bastante para simular no rosto a surpreza ou o descontentamento da inesperada ausencia do genro apalavrado.
Francisco Salter, suspeitando isto mesmo, ou receiando o arrependimento, saltou o muro, deixando içada a escada de corda por onde Carlota devia subir, e foi direito ao pomar. A freira soltou um grito de terror quando viu ao pé de si um vulto. Salter proferiu o nome d'ella com amorosa angustia. Mendonça tremia. Não ha coragem de homem que vença a commoção d'estes lances.
Questões são estas que desentoam aphonicamente da indole d'esta escriptura, mais que todas sujeita a fazer-se ridicula, se dá ares de ser obra de quem sorve uma conspicua pitada, para julgar depois os reis e os povos. O que se quer é saber no que pararam os projectos de Francisco Salter de Mendonça; se desertou, se morreu, ou transigiu com a desgraça. Nenhuma das hypotheses.
Soror Carlota foi transportada á sua cella, sem sentidos. Francisco Salter de Mendonça recobrou alento e razão, quando se viu espectaculo de tanta gente, e pediu licença para sair. A serenidade que de repente lhe assomou ao rosto causava novo espanto aos amigos ou conhecidos que se empenhavam em o levar d'alli.
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