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Atualizado: 26 de junho de 2025
Procopio lamentava-se da sua má sorte, chorava a sua desdita, sempre amigo do seu burro, sempre idolatra do seu idolo, sempre adorando o seu fetiche. E como quer que um dia, desabafando n'um peito amigo, se queixasse da ingratidão dos burros, vae o outro, grande philosopho, com larga experiencia da vida, aconselha-o assim: A culpa é tua, Procopio, e de mais ninguem.
Abre-se a portinhola da primeira carruagem e Jacinto Procopio vê descer, de mala na mão, quem? A dama que elle julgava haver seguido, e á qual queria mostrar-se? Não! Vê apear-se Leopoldo Ambrosio! E os dois desatam a rir como possessos, quebrando hilariantemente o silencio pacato da rua da Santissima Trindade. A dama havia tomado outro trem, se é que tomou algum. O logro fôra completo.
Assim, meu primo Procopio, com uma malicia bem inesperada n'um espiritualista, contou-lhe ha tempos em confidencia, arregalando os olhos, que eu possuia muitos papeis! muitas apolices! muitas inscripções!... Pois na primeira manhã que voltei, depois d'essa revelação, á casa de hospedes, Pinho, ligeiramente córado, quasi commovido, offereceu-me uma boceta de dôce de tijolo embrulhada n'um guardanapo.
Lisboa, junho. Minha excellente madrinha. Eis o que tem «visto e feito», desde maio, na formosissima Lisboa, Ulyssipo pulcherrima, o seu admiravel afilhado. Descobri um patricio meu, das Ilhas, e meu parente, que vive ha tres annos construindo um Systema de Philosophia no terceiro andar d'uma casa de hospedes, na travessa da Palha. Espirito livre, emprehendedor e destro, paladino das Idéas Geraes, o meu parente, que se chama Procopio, considerando que a mulher não vale o tormento que espalha, e que os oitocentos mil reis de um olival bastam, e de sobra, a um espiritualista votou a sua vida á Logica e só se interessa e soffre pela Verdade.
Feito o accordo, despedidos os tres, Jacinto Procopio, investido nas suas funcções de espião galante, vê a dama aproximar-se da fila de trens que estacionavam no Largo dos Caminhos de Ferro. E ouvindo rodar uma das carruagens, que devia ser aquella que a mysteriosa dama havia tomado, entra n'outra carruagem, ordena ao cocheiro que largue sem perda de vista aquelle trem que acabava de partir.
Esta casa de hospedes offerece encantos. O quarto do meu primo Procopio tem uma esteira nova, um leito de ferro philosophico e virginal, cassa vistosa nas janellas, rosinhas e aves pela parede, e é mantido em rigido asseio por uma d'estas creadas como só produz Portugal, bella moça de Traz-os-Montes, que, arrastando os seus chinelos com a indolencia grave d'uma nympha latina, varre, esfrega e arruma todo o andar; serve nove almoços, nove jantares e nove chás; escarolla as louças; prega esses botões de calças e de ceroulas que os portuguezes estão constantemente a perder; engomma as saias da Madama; reza o terço da sua aldeia; e tem ainda vagares para amar desesperadamente um barbeiro visinho, que está decidido a casar com ella quando fôr empregado na Alfandega.
O cocheiro assim fez, guiado pelas lanternas da carruagem que o precedia. De vez em quando Jacinto Procopio, pondo a cabeça fóra da portinhola, espreitava; e, como visse as lanternas a brilharem como dois pharoes no trem da frente, tranquillisava-se.
Não fosse tão tolo que, depois de tanto trabalho, désse lenha para se queimar. O primeiro trem parou á porta de um predio na rua da Santissima Trindade; e o segundo trem parou logo apoz o primeiro. Jacinto Procopio salta precipitadamente do estribo, quer vêr apear-se a dama, mostrar-se-lhe, para que ella reconheça aquelle dos tres que pareceria ter tido maior interesse em seguil-a.
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