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Atualizado: 27 de julho de 2025
O sacco de lona estalava, repleto. Topsius, impaciente, tirára das profundezas do seio o seu relogio de prata. O nosso Lacedemonio, á porta, rosnava: D. Theodorico, es tarde, es mui tarde... Mas a minha bem-amada já sacudia o papel, coberto das letras que ella traçára, largas, impetuosas e francas como o seu amor: «Ao meu Theodorico, meu portuguezinho possante, em lembrança do muito que gozámos!»
Demais, o terrvel documento da minha juncção com a sordida Mary, a camisa de dormir aromatisada de violeta, lá cobria agora em Sião uma languida cinta de circassiana ou os seios côr de bronze d'uma nubia de Koskoro: a compromettedora offerta «ao meu portuguezinho valente» fôra despregada, queimada no brazeiro: já as rendas se iriam esgaçando no serviço forte do amor; e rôta, suja, gasta, ella bem depressa seria arremessada ao lixo secular de Jerusalem!
Ella jurava que sem o seu portuguezinho valente não queria habitar nem o céo! Eu, regalado, pagava o champagne. E os dias assim foram passando, leves, flaccidos, gostosos, repicados de beijos até que chegou a vespera sombria de partirmos para Jerusalem. O cavalheiro, dizia-me n'essa manhã Alpedrinha engraxando os meus botins, o que devia era ficar aqui na Alexandriasinha, a refocilar...
Constantemente a titi se encafuava no meu quarto, munida de chaves falsas, aspera e avida, rebuscando pelos cantos, nas minhas cartas e nas minhas ceroulas... Que cólera a esverdearia se n'uma noite de pesquizas ella encontrasse estas rendas babujadas pelos meus labios, fedendo a peccado, com a offerta em letra cursiva «Ao meu portuguezinho valente!»
Ri, acerbamente, com as mãos nas ilhargas. E ouve lá... Tambem te chamava «seu portuguezinho valente?» Como eu servia com turcos, chamava-me seu «moirosinho catita». Ia rebolar-me no divan, rasgal-o com as unhas, rir sempre, n'um desesperado desprezo de tudo... Mas Topsius e o risonho Potte appareceram alvoroçados. Então?...
E logo o provava com esse papel, escripto em letra perfeita: Ao meu portuguezinho valente, pelo muito que gozámos... Era essa a carta em que a Santa me offertava a sua camisa.
E passaria os dias n'uma fôfa preguiça oriental, fumando o puro Latakié, tocando viola franceza, e recebendo perpetuamente essa impressão de felicidade perfeita que a Mary me dava só com deixar arfar o seio e chamar-me «seu portuguezinho valente.» Apertei-a contra mim n'um desejo de a sorver.
Ó minha dôce Lisboa!... Mas ainda mais perto, para além do deserto de Gaza, no verde Egypto, a minha Maricoquinhas n'esse instante estava enchendo o vaso do balcão com magnolias e rosas; o seu gato dormia no velludo da cadeira; ella suspirava pelo «seu portuguezinho valente...» Suspirei tambem: mais triste nos labios se me fez o fado triste.
E pregado n'ella por um alfinete, bem evidente ao clarão das velas, o cartão com a offerta em letra encorpada: «Ao meu Theodorico, meu portuguezinho possante, em lembrança do muito que gozámos!» Assignado, M. M.... A camisa de dormir da Mary! Mal sei o que occorreu no florido Oratorio! Achei-me á porta, enrodilhado na cortina verde, com as pernas a vergar, n'um desmaio.
Nem precisava chamar-me «seu portuguezinho valente, seu bibichinho.» Bastava que o seu peito arfasse: só para vêr aquella dôce onda languida, e saber que a levantava assim a saudade dos meus beijos, eu teria vindo de tão longe a Alexandria, iria mais longe, a pé, sem repouso, até onde as aguas do Nilo são brancas!
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