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A essa carinhosa tarefa devotei um anno porque a correspondencia de Fradique, que, desde os quietos habitos a que se acolhera depois de 1880 aquelle «andador de continentes», era a mais preferida das suas occupacões, apresenta a vastidão e a copiosidade da correspondencia de Cicero, de Voltaire, de Proudhon, e d'outros poderosos remexedores de idéas.

O que me appetecia era o leito fresco, no meu quarto forrado de esteiras, onde tão romanticamente se ouviam cantar no jardim as fontes entre os rosaes. Fradique Mendes estava jantando, n'uma mesa onde flammejava, entre as luzes, um ramo enorme de cactos.

Creio, pois, que Fradique foi profundamente amado, e que magnificamente o mereceu. As mulheres encontravam n'elle esse sêr, raro entre os homens um Homem. E para ellas Fradique possuia esta superioridade inestimavel, quasi unica na nossa geração uma alma extremamente sensivel, servida por um corpo extremamente forte.

No mundo a que irresistivelmente o prendiam os seus gostos e os seus habitos mundo mediano e regrado, sem invenção e sem iniciativa intellectual, onde as Idéas, para agradar, devem ser como as Maneiras, «geralmente adoptadas» e não individualmente creadas Fradique, com a sua indocil e brusca liberdade de Juizos, affrontava o perigo de passar por um petulante rebuscador de originalidade, avido de gloriola e de excessivo destaque.

A derradeira vez que o encontrei em Lisboa foi no Rato n'uma festa de raro e delicado brilho. Fradique parecia desolado: Em Paris, affirmava elle, a duqueza de La Rochefoucauld-Bisaccia póde dar uma festa igual: e para isto não me valia a pena ter feito a quarentena em Marvão!

Estava mais pallido, o seu rosto apresentava linhas mais graves. A testa tinha perdido a sua pureza: havia uma ruga estreita e funda que a dominava. Fradique continuava fallando. Agora fazia a critica das mulheres do Norte. A irlandeza, dizia elle, tem mais que nenhuma mulher, a graça... Sobre tudo a que vive junto dos lagos!

Seu grato e mau afilhado Fradique. Paris, novembro.

Nunca, em cidade ou região intelligente do Universo, minha tia deixou de comer os seus ovos e superiormente frescos! Beijo as suas mãos, benevola amiga Fradique. Paris, maio. Meu caro amigo. A sua carta transborda de illusão poetica.

De manhã apurei requintadamente a minha toilette como se, em vez de Fradique, fosse encontrar Anna de Léon com quem n'essa madrugada, n'um sonho repassado de erudição e sensibilidade, eu passeára na Via Sagrada que vai de Athenas a Eleusis, conversando, por entre os lyrios que desfolhavamos, sobre o ensino de Platão e a versificação das Lapidarias.

D'ahi lhe vinha ser «parente, patricio e parceiro» do homem das Lapidarias. Depois d'isto Vidigal sabia apenas que Fradique, livre e rico, sahira do Quartier-Latin a começar uma existencia soberba e fogosa. Com um impeto de ave solta, viajára logo por todo o mundo, a todos os sopros do vento, desde Chicago até Jerusalem, desde a Islandia até ao Sahará.

Palavra Do Dia

lodam

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