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O poeta buscava consolação na poesia; era ella que o cercava de uma aureola de felicidade. Distraia-se cuidando do seu pequeno horto. Era a imaginação que o revestia, aquelle exiguo canteiro, ornado apenas de duas arvores, dez florinhas, uma laranjeira e uma roseira, onde casualmente cantavam os rouxinoes, e onde dois cantaros de agua formavam a fonte, que gemia e adormecia seus pesares. Contenta-se de pouco a natureza; elle não trocava este canto da terra nem pelo monte Hybla, nem pelo valle fertilissimo de Tempe, nem pelos jardins suspensos de Semiramis, como elle proprio confessa; porque a phantasia creadora reveste-o de todas as graças de um paraiso sonhado, mostra-lhe columnas brancas de marmore com inscripções gloriosas, fontes que jorram e se despenham em borbotões de perolas e aljofres, lagos profundos e limpidos sulcados por canôas que desfraldam as vélas como cysne voluptuoso que deslisa, rodeados de sombras amenas e encantadoras de arvores soberbas similhando os gigantes da terra, a vinha entrançada aos platanos, dourada pelo sol de agosto, bustos entre a ramagem espessa, satyros que se adormecem ao som da lympha fugitiva, nymphas travessas errando na relva macia, que tapeta o recinto...

Mutilado como estava das longas batalhas em que entrára, perguntava-lhe a criança a historia de cada cicatriz. Ella nunca vira estas disformidades nas outras pessoas e tinha medo; o velho distraía-se de continuo pintando-lhe os recontros, as contraminas, as cargas; ás vezes não fallava para ella, fallava comsigo, vehemente, exaltado, por fim ria-se de si, e acabava por beijal-a muito.

A este tempo, assomou a uma janella fronteira ao seu quarto uma visinha, que vivia honestamente na desgraça, irmã d'aquella flor de Magdala, calcada aos pés pelos que não comprehenderam o impulso dos sentimentos que a transviaram. A pobre trabalhava e distraía-se a vêr os que passavam; cantava e ria esquecida do seu opprobrio. Estava vestida com uma côr triste, que lhe realçava a expressão dolorosa. Elle viu-a; cumprimentou-a com um sorriso leve, que traduzia um epigramma, que fôra comprehendido. Depois voltou-se para dentro: Ha uma affinidade intima entre a mulher e as côres; a escolha, a preferencia, a seducção por uma, é a linguagem de um sentimento recondito, que resôa dentro em si, e que ella não sabe exprimir, é o symbolo na sua fórma mais poetica e simples. A mulher é sempre uma criança, chora e ri ao mesmo tempo; como sente mais do que pensa, quer mais do que pode. A grande contradicção, que faz com que realise as nossas aspirações vagas e ideaes! Como uma criancinha que tem sêde, e, não sabendo ainda pedir agua, aponta para ella e exulta, assim a mulher não podendo revelar o sentimento indefinido que a eleva, que a faz soffrer e amar, serve-se da linguagem symbolica das côres, para completar a expressão que lhe transluz no rosto. Raphael, na sua inspiração divina, entreviu este mysterio quando ao determinar o ideal da Virgem na arte moderna, tomou a côr do azul ethereo para colorir-lhe o manto. O ideal da mulher no mundo antigo, menos espiritual, mas egualmente bello, mostrava-a como uma flor, a creação mais aprimorada da natureza, a planta mimosissima e languida; é assim Sacuntala, na poesia da India; a fraqueza, que póde tanto como a constancia heroica, quasi impossivel, de sua irmã Griselidis na Edade média; ella confidencia com as aves, os arbustos choram na despedida, as flôres amam-n'a como uma irmã gémea, um carpello tenuissimo animado á luz do sol brilhante, perfumado com todas as essencias de uma atmosphera limpida e serena.

Entretanto, tome isso a serio e distraia-se escrevendo, que, por todos os lados, não será tempo perdido. Quanto á associação editora dos literatos, acho que é um pensamento sympathico, mas um dos mais irrealizaveis. O que propõe é a final uma Cooperativa de producção.

O dictador Sampaio distraia-se ás noites no Passeio Publico, e dizia como o feroz Sylla ao povo: «Lisbonenses, aqui estou para vos dar conta do sangue derramado.» E o povo deixava-o estar. Sabia que era um homem bom, e ninguem receia a dictadura de um homem bom. No delirio, que precedeu a morte, Sampaio disse: «

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