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Ah! meu senhor! a mãe do escravo é um anjo, e o negro quer despedir-se da sua senhora! Sahe, cabinda! Oh! não! não! supplicou este. O negro é escravo, mas o negro tem coração!

Dissimulou-o, porém, o mais que pôde, e foi encostar-se a uma porta lateral. Louvado seja o Senhor! disse o negro, entrando. Adeus, cabinda; respondeu Americo docemente. O negro quer fallar ao senhor Luiz. O teu senhor não vem hoje á cidade? perguntou Americo com intenção. O negro não sabe. Quem te mandou, então? A senhora moça. E o cabinda lançou a Americo um olhar perscrutador.

E um dia a parceira do cabinda appareceu, e o negro não soffreu mais, nem tornou a chorar. Magdalena continuou vagarosa ao lado do negro, mas visivelmente melancholica e pensativa, talvez com o que elle acabava de dizer-lhe. Estava ella na idade em que o coração começa a desabrochar as primeiras flôres e a sentir os primeiros desejos.

Entre os serventes nota-se o cabinda. O negro anda entalado nas dobras d'uma gravata branca, cujo laço fôra feito pela sua filha, e veste uma roupa nova de pano preto fino. Anda doido d'alegria, ebrio com a alegria da sua filha. O negro lança todavia, de quando em quando, uns olhares de expressivo despreso ao mulato que janta, e volve-os depois para Magdalena, como que dizendo-lhe: Foge d'elle!

Isso era hontem, mas agora?... respondeu Magdalena com melancholia. Agora, senhora moça, o negro vai e hade trazer alegrias á sua filha. Vem depressa, ouviste? O negro não tardará. E o cabinda guardou o bilhete que Magdalena lhe déra, e partiu apressado, volvendo-se, de quando em quando, para traz. No seio da formosa virgem havia uns alvoroços immensos.

Os tres, Luiz, Americo e o cabinda, chegaram ao Botafogo, por volta das oito horas, e quasi ao mesmo tempo. O negro e Luiz foram os primeiros, mas o mulato não se fez esperar. O velho escravo dirigiu-se para a cosinha, pela escadaria da rectaguarda do palacete, emquanto Luiz era introduzido na sala, e encontrou na varanda Magdalena, que o esperava n'uma indescriptivel anciedade.

A senhora moça? perguntou o mulato, admirado do pouco segredo que o negro guardava da sua missão. Sim. Trazes recado ou carta? acudiu Americo rapidamente. O negro traz carta. , que eu vou entregal-a ao senhor Luiz. A ordem da senhora moça é para entregar a elle. Americo encolerisou-se com a resposta do cabinda, e disse, raivoso: Bem se que és negro!

Agora, meu branco, isto, que manda o senhor! disse o negro desprezando Americo, que tentava levantar-se, e entregando a Luiz a carta de Jorge. E a senhora moça? interrogou Luiz. Tem chorado muito; o branco não gosta d'ella, não! Vêl-o-has, cabinda! E procedeu á leitura da carta de Jorge. Ao terminar, tinha uma como nuvem diante dos olhos.

Sahir sem avisar Magdalena não o fazia de certo, não podia fazel-o. Ainda se a demora fosse d'um dia! mas quatro pelo menos! Quatro dias era muito, sobretudo, para quem sente as primeiras saudades que são sempre mais dolorosas, mais profundas. Tomou a resolução de escrever a Magdalena, mandando-lhe a missiva por um dos negros do armazem. Nunca o cabinda foi tão desejado, nunca!

Até o velho Cabinda, que acompanhava Luiz no vapor da carreira, até esse ia embebido com a ideia da ventura da sua filha querida, da sua adorada senhora moça, que era n'este mundo a ideia que mais o prendia, enlevava e dominava!

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