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Calisto Eloy de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra de Freimas, tem hoje quarenta e nove annos, por ter nascido em 1815, na aldeia de Caçarelhos, termo de Miranda. Seu pae, tambem Calisto, era cavalleiro fidalgo com filhamento, e decimo sexto varão dos Barbudas da Agra.

Barbuda, authorisa-me a dizer-lhe que os miseraveis são elles: eu tenho comigo a riqueza do meu orgulho; e, se conservo os appellidos de meu marido, é porque elle foi talvez o unico de sua raça que os não desdourou... Diz v. ex.^a muito bem atalhou Calisto. Que nobre alma as suas palavras me manifestam!

Casou o morgado, ao tocar pelos vinte annos, com sua segunda prima D. Theodora Barbuda de Figueirôa, morgada de Travanca, senhora de raro aviso, e muito apontada em amanho de casa, e ignorante mais que o necessario para ter juizo.

Ao mesmo tempo, ouvia elle passos na estrada, e logo viu acercar-se um vulto rebuçado da casa de Adelaide, e parar debaixo da janella que se abrira. Conjecturou Calisto de Barbuda, que D. Catharina Sarmento, a esposa infida, reincidira nas presas do velho peccado, e sentiu algum tanto molestada sua vaidade de regenerador de corações estragados.

Se Adelaide o amava como e quanto Calisto não podia duvidar, sua honra d'elle era pôr peito á defesa da oppressa, beber metade do absyntho do seu calix, luctar, sem desdouro da probidade de um Barbuda, até perecer, exemplo de amadores de antiga tempera. Amou quem isto , e tresvariou aos vinte annos?

Mas onde quer v. ex.^a chegar com o seu discurso? interrompeu a filha do desembargador. Á razão da sr.^a D. Catharina, minha senhora. Como assim?! quem o auctorisa... Veja , sr. Barbuda, que se não equivocasse com as lagrimas de meu pae... A minha reputação e costumes repellem similhantes allusões, se o são.

A fallar verdade observou Lopo de Gamboa estás um homem completamente differente! E o caso é que pareces muito mais novo! nem andas corcovado, nem tens aquella proeminencia da barriga. Olha os ares de Lisboa o que fazem, primo Barbuda! Calisto exprimia o seu nojo de tudo aquillo, sorrindo-se. Tirou da algibeira um charuto, e accendeu um phosphoro.

Entre as pessoas alvoraçadas com a noticia, a mais empenhada em ouvil-o era D. Adelaide. Ao encontro de Calisto Eloy saiu ella pedindo-lhe com requebrada doçura, tres entradas na galeria das senhoras, para ella, irmã e pae. sou considerado senhora, amigo Barbuda! ajuntou o velho São as tristes honras da ancianidade!... E vou, vamos ouvil-o.

Sem dizer, nem fazer saber á sr.^a D. Catharina que esteve aqui um amigo do desembargador Sarmento... Nada direi sr. Barbuda. Aperto-lhe e beijo esta mão. Agradeço-lh'o em nome dos cinco filhos de Duarte de Malafaya, ou dos cinco anjos que lhe chamam pae. E saíu com os olhos marejados.

O outro avançára vagarosamente, com as mãos nas algibeiras da rabona de velludo côr d'azeitona, o vasto chapeu braguez atirado para a nuca, desafogando a honesta face barbuda, vermelha de saude e sol: Eu, por farda, queria dizer libré... Libré de lacaio. Ora essa!?

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