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Não devemos nem é justo deixar mais tempo o leitor sem a explicação que esta scena extraordinaria requer. Em poucas linhas se resume a vulgar e triste historia d'estes abjectos e sujos amores.
Chorava inconsolavel pedindo á mãe que lh'os tratasse bem, que ella mandaria dinheiro para isso; nada de o entregar ao homem que tudo iria enterrar na fazenda e deixaria morrer os pobres anjinhos. Dois annos que a Rosa esteve por lá, mandou sempre bom dinheiro, que o marido guardava. Os garotos iam-se creando pelas portas, negros e sujos, tristonhos uns selvagens.
A praia de Belem é uberrima de papeis sujos, e Pedrouços, a mansão burgueza das villegiaturas officiaes, parece-se no aspecto especial das suas immundicies com um corredor da secretaria das Obras Publicas destinado a projecto de nitreira modelo pelos disvellos agronomicos do sr. Rodrigo de Moraes Soares.
Por causa dêle escandalizou toda a vila. E agora deixa a casa numa desordem, os filhos sujos e ramelosos, em farrapos, sem comer até altas horas, o marido a gemer abandonado na sua alcôva, toda a trapagem dos emplastros por cima das cadeiras, tudo num desamparo torpe para andar atrás do homem, um maganão odioso e cebento, de cara balôfa e gordalhufa, luneta preta com grossa fita passada atrás da orelha, e bonésinho de sêda posto
Agora, emquanto a pobre menina, livre de perigo, encontra na doce convivencia da abbadessa os affectos maternaes que a morte lhe roubára e os tres sujos heroes d'esta repellentissima, porém veridica, historia se empenham n'uma lucta de desconfianças e malquerenças, que são o seu verdadeiro castigo, voltemos a S. Martinho do Campo, onde novos e interessantes episodios se estão dando.
D'esses dias de sublime sordidez só conservo a impressão d'uma alcôva forrada de cretones sujos, d'uma bata de lã côr de lilaz com sotaches negros, de vagas garrafas de cerveja no marmore d'um lavatorio, e d'um corpo tisnado que rangia e tinha cabellos no peito.
Um cavalheiro importuno, levantando-se, de cópo erguido, disse: «Minhas senhoras e meus senhores: n'este vinho, eu saúdo a França, mãe desvelada do pensamento moderno.» E todos beberam. Entretanto o silencio recomeçara novamente. Os creados, em nervoso phrenesi, retiravam os pratos sujos para logo os substituir por outros lavados. Telintavam os talheres de prata.
Eu não receio, todavia, os roubos; Afastam-se, a distancia, os dubios caminhantes; E sujos, sem ladrar, osseos, febris, errantes, Amarelladamente, os cães parecem lobos. E os guardas, que revistam as escadas, Caminham de lanterna e servem de chaveiros; Por cima, as immoraes, nos seus roupões ligeiros, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
Não encontro memoria d'este martyrio no livro do snr. D. Antonio da Costa. Attribuo a omissão á delicadeza do martyr. Ha tormentos tão sujos que o relatal-os em gemidos é indecencia consignada no Compendio de civilidade do snr. João Felix.
Infelizes! os sujos, verdes limos, Que vezes não tem visto os afogados!... Corações tantas vezes sobre os cimos Do Ideal! e que o Vicio tem marcados! Quem os leva por esses vis atalhos Do Desespero, Fome e Suicidio, E ao verde absintho e aos sordidos baralhos! Elles que leram Dante, Homero e Ovidio?
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