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Vinho e carne eram para êles, que não comiam desde a véspera: a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o oiro nos alforges, e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua. Bem tramado! gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha, e com uma barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até

Ah! Rostabal, Rostabal! Se Guannes, passando aqui sòzinho, tivesse achado êste oiro, não dividia comnosco, Rostabal! O outro rosnou surdamente e com furor, dando um puxão

Àquela hora, de-certo, Jacinto, na varanda, em Torges, sem fonógrafo e sem telefone, reentrado na simplicidade, via, sob a paz lenta da tarde, ao tremeluzir da primeira estrêla, a boiada recolher entre o canto dos boieiros. Os três irmãos de Medranhos, Rui, Guannes e Rostabal, eram então, em todo o Reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados.

Rostabal rompeu de entre a sarça por uma brecha, atirou o braço, a longa espada; e toda a lâmina se embebeu molemente na ilharga de Guannes, quando ao rumor, bruscamente, êle se virára na sela. Com um surdo arranco, tombou de lado, sôbre as pedras.

Pois que morra, e morra hoje! bradou Rostabal. Queres? Vivamente, Rui agarrára o braço do irmão e apontava para a vereda de olmos, por onde Guannes partira cantando: Logo adiante, ao fim do trilho, um sítio bom, nos silvados. E hás-de ser tu, Rostabal, que és o mais forte e o mais destro. Um golpe de ponta pelas costas.

E é justiça de Deus que sejas tu, que muitas vezes, nas tavernas, sem pudor, Guannes te tratava de cerdo e de torpe, por não saberes a letra nem os numeros. Malvado! Vem! Foram. Ambos se emboscaram por trás dum silvado, que dominava o atalho, estreito e pedregoso como um leito de torrente. Rostabal assolapado na vala, tinha a espada nua.

Rui se arremessava aos freios da égua: Rostabal, caíndo sôbre Guannes, que arquejava, de novo lhe mergulhou a espada, agarrada pela fôlha como um punhal, no peito e na garganta. A chave! gritou Rui.

Mas Guannes não se arredava do cofre, enrugado, desconfiado, puxando entre os dedos a pele negra do seu pescoço de grou. Por fim, brutalmente: Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave! Tambêm eu quero a minha, mil raios! rugiu logo Rostabal. Rui sorriu. De-certo, de-certo! A cada dono do oiro cabia uma das chaves que o guardavam.

Depois, mergulhando furiosamente as mãos no oiro, estalaram a rir, num riso de tam larga rajada, que as fôlhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tam desabrida que Guannes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas.

Um vento leve arripiou na encosta as fôlhas dos álamos e sentiram o repique leve dos sinos de Retortilho. Rui, coçando a barba, calculava as horas pelo sol, que se inclinava para as serras. Um bando de córvos passou sôbre êles, grasnando. E Rostabal, que lhes seguira o vôo, recomeçou a bocejar, com fome, pensando nos empadões e no vinho que o outro trazia nos alforges. Emfim! Àlerta!

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resado

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