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Mas, como na historia do malicioso Cervantes, estes dois principios tam avessos, tam desincontrados, andam comtudo junctos sempre; ora um mais atraz, ora outro mais adiante, impecendo-se muitas vezes, coadjuvando-se poucas, mas progredindo sempre. E aqui está o que é possivel ao progresso humano. E eisaqui a chronica do passado, a historia do presente, o programma do futuro.

No seculo XV eram consagrados os nomes de F. del Pulgar, e Juan de Mena, nós vimos florescer Gil Vicente que morreu no seculo seguinte no qual avultaram os nomes de Lucena, Bernardes, Camões, Osorio, Damião de Goes, João de Barros, de Miranda e Bernardino Ribeiro; a Hespanha não teve que invejar-nos porque viu brilhar os de Carcilaso, Luiz de Leon, Luiz de Granada, Marianna, Santa Thereza, Cervantes, Gongora, Juan de la Cruz, Lope de Vega e Quevedo.

Era do excelentisimo Camões uma das eclogas que haviam de representar as pastoras em cujas redes se embaraçou o pensativo escravo de Dulcinea. Passando do primor de Cervantes á sua quasi rival Galatea, lê-se que o pae da linda heroina das margens do aurifero Tejo, intenta prendel-a com os laços de hymineo a um pastor lusitano das ribeiras do deleitoso Lima.

O velho criado levantou-o nos braços, envolto nas roupas do leito, e foi sental-o, entre almofadas, na alta cadeira de respaldo. Um cansaço extremo parecia aniquilar o bibliophilo, ao passo que Leão sentia rijos os seus braços como se fôssem de ferro. Com doloroso esforço, bibliophilo Joseph disse ao velho escudeiro, indicando-lhe uma estante: Traze d'ali o D. Quichote de Miguel Cervantes.

Poetas principiantes, estou em circo raso: Tambem Apollo he Cervantes, Tambem cria no Parnaso Seus cavalleiros andantes. Não vos chamo, ó sujo rancho, Que até os versos errais; Em tal sangue as mãos não mancho: Para vós, e outros que taes Sobeja a espada do Sancho.

Ah! como o bibliophilo Joseph amava tão de dentro, tanto do imo peito, esse galante mundo aventuroso que divinisava a mulher a ponto de que, derrubado o altar por Cervantes, toda a realidade da belleza parecia tão pallida como o reflexo do sol agonisante resvalando nas vidraças coloridas d'uma janella gothica.

Se os paizes se caracterisam, em geral, pelos nomes dos seus homens celebres, dos seus immortaes: a França, por Racine, por Corneille, por Moliére, por Lamartine, por Gambetta; a Inglaterra, por Byron, Shakespeare e Gladstone; a Allemanha, por Schiller, Goethe, Mozart, Beethoven; a Italia, por Dante, Petrarcha, Mazzini, Garibaldi; a Grecia, por Homero e Demosthenes; Roma, por Virgilio e Cicero; a Hungria, por Kossuth; a Hespanha, por Velasquez, Cervantes e Castelar, nós, proclamando Portugal, como a patria de José Estevão, teremos prestado á sua memoria a maior das consagrações, tornando-o um symbolo um symbolo da patria livre e redimida, da liberdade victoriosa e da emancipação da consciencia portugueza.

O proprio auctor do D. Quixote escreveu então a sua Numancia, tragedia a mais classica que, porventura, tem o theatro hespanhol, porque é aquella em que mais transluz a simplicidade e pureza do drama grego, posto que o espirito cavalleiroso de Cervantes appareça quasi sempre debaixo d'essas fórmas antigas.

Queimae toda essa litteratura aprasivel e deliciosa por onde o coração humano se tem espraiado em lautos seculos; fazei um auto-de-fé á vossa porta, não á similhança do Cura de Cervantes, para desbaste de parvoiçadas e de truanescas phantasmagorias, mas como o de Omar, para testemunho de horror ás boas obras; aquentai-vos em volta d'essa fogueira immensa; e quando das maiores glorias do espirito humano restar o fumo e a cinza, levantae um altar a todos esses innovadores do subjectivo e da transcendencia, e annunciae a redempção dos povos.

Que Felismina era victima, isso estava provado. Cumpria-me resuscitar os brios cavalleirosos que o ominoso romance de Miguel Cervantes matára com a zombaria? Cumpria-me offerecer o meu braço, debil instrumento d'uma alma forte, á opprimida emparedada do Pastelleiro?