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Balzac, que teve como nenhum dos discipulos que vieram depois d'elle, a larga, a profunda, a milagrosa intuição dos sentimentos que agitaram, moveram, convulsionaram, subjugaram o seu tempo; Balsac, que pintou os frescos collossaes e as deliciosas miniaturas, que soube fazer viver as suas eternas figuras, criminosas, sublimes e depravadas, cheias de odio ou cheias de amor, illuminadas pela chamma de todas as paixões, queimadas pela fornalha rubra de todas as cubiças insalubres, e que, não contente de personalisar, á grande maneira de Shakspeare, a Avareza, a Sensualidade, a Paternidade ludibriada e dolorida, a Amisade viril, os sentimentos fundamentaes do homem emfim, soube ainda penetrar nos refolhos mais reconditos da alma feminina, e colher ahi a fragil, a doce flor da melancholia, as tristezas silenciosas do amor trahido, as saudades, cuja raiz suga as forças todas de um coração solitario; Balsac, que foi muito maior que todos os modernos pelo pensamento proprio e pela vida dos seus personagens, não soube vencer, nem subjugar como elles as tyramnias da Fórma.

Gavarni não comprehendia nem amava o passado. Como Balsac, cujas obras illustrou, o que elle amava, o que lhe prendia a attenção, o que lhe embebia amorosamente o olhar investigador, eram os typos que a cada instante acotovellava pelas ruas.

O amor da litteratura, este amor que nós, em Portugal, por ouvirmos fallar d'elle, conhecemos incompletamente, amor que absorve, que encanta, que allucina e que mata por fim como matou Flaubert, como matou Julio de Goncourt, como matou Balsac, como é muito provavel que mate brevemente Daudet o amor da litteratura respira-se n'estas cartas com um perfume subtil que as embalsama, e que as impregna admiravelmente.

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