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Depois de Balzac, ou antes d'elle, talvez, o espirito que maior influencia exerceu no destino dos dois irmãos, foi Gavarni, o insigne caricaturista, o desenhador admiravel, a quem mais tarde elles erigiram, n'um livro de grande arte, um monumento de admiração reconhecida e terna e de critica verdadeiramente magistral.

Pois é positivamente, repetimos, esse dom possuido em alto grau pelo grande pintor de costumes do seculo XIX chamado Gavarni, que elle soube communicar aos dois irmãos Goncourt.

Os typos dos artistas, marcialmente uniformisados com fardas que fôram de um corpo de infanteria, eram para tentar o lapis de um Cham ou Gavarni.

Os Goncourt fallando em Coriolis, o pintor da Manette Salomon, descrevem d'este modo saisissant o artista que se compenetra apaixonadamente dos espectaculos do seu tempo. Este pintor sente o que sentia Gavarni; o que os dois escriptores sentiram tambem mais tarde; e é d'este modo especial de encararem a arte que toda a obra d'elles deriva naturalmente.

Não teve mão da sua raiva, de mais a mais aguilhoada pela facecia de Pires: fitou Silvina com um sorriso de ironia bruta, e disse-lhe em alta voz: vem o nosso homem! E soltou uma casquinada de riso, dando upas sobre a pedra, com as pernas apertadas entre os braços. Silvina virou-se de lado com repellão, e Leonardo Pires exclamou: Estão bonitos! isto sim, que daria idéas a um Gavarni cançado!

Isto tudo tem uma base caprichosa: são cousas que a linguagem do paradoxo denomina pés. Vacilla a critica no confrontal-os com objecto dos tres reinos: uma tartaruga envolta em bezerro dá-nos uns longes da realidade; mas falta-nos o simile para os declivios, gargantas e barrocaes dos joanetes. Os pés de José Francisco são a desesperação dos Gavarni.

Tasso era, em scena, um homem distinctissimo. O celebre alfaiate Humann dizia a respeito de Gavarni: «Não ha senão um homem que saiba desenhar uma casaca: é Gavarni.» O Catarro ou o Keil poderiam dizer, com igual justiça, a respeito do Tasso: «Não ha senão um homem que saiba vestir uma casaca: é o Tasso.» A sua dicção, um pouco saccadée, era cristallina, sonora.

Não tenho pretenções a Phidias, nem a Miguel Angelo, nem a Rubens, nem a Hogarth, nem a Van-Dick, nem a Aretino, nem a Delacroix. Faltam-me os traços de Zubarran, as linhas de Corregio, as tintas de Ticiano, os perfis de Murillo e o riso sardonico de Gavarni.

O trabalho interior que, por este modo incisivo e brilhante, os dois Goncourt, aqui descrevem, fez-se n'elles, sob a influencia de Gavarni.

Gavarni não comprehendia nem amava o passado. Como Balsac, cujas obras illustrou, o que elle amava, o que lhe prendia a attenção, o que lhe embebia amorosamente o olhar investigador, eram os typos que a cada instante acotovellava pelas ruas.

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