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O amor da litteratura, este amor que nós, em Portugal, por ouvirmos fallar d'elle, conhecemos incompletamente, amor que absorve, que encanta, que allucina e que mata por fim como matou Flaubert, como matou Julio de Goncourt, como matou Balsac, como é muito provavel que mate brevemente Daudet o amor da litteratura respira-se n'estas cartas com um perfume subtil que as embalsama, e que as impregna admiravelmente.

Se os Goncourt são os precursores da escola chamada naturalista, e cuja paternidade se attribue injustamente a Flaubert, é fóra de duvida que elles, o proprio Flaubert, Zola, Daudet, e alguns discipulos d'estes, são apenas os filhos espirituaes de Balzac. Elles são incontestaveis e distinctos artistas; elle era o Genio. Cada um d'elles tem a sua accentuada individualidade propria.

A feição literária de Trindade Coelho parece-me que se define na parte do livro subtitulada Baladas. Os Arrulhos, principalmente, são uma dúzia de páginas encantadoras, que lembram Droz e Daudet.

Lendo ha poucos dias o livro de Alphonse Daudet Trente ans de Paris lembrei-me muito de Teixeira de Vasconcellos ao percorrer o capitulo que fala de Villemessant. Eu conheci este escriptor na sociedade e na Academia. Encontrei-me varias vezes com elle nas soirées politicas de Fontes Pereira de Mello.

A scena capital e magistral da Sapho de Daudet é alli que se passa; quando o pobre moço, empolgado pelo polvo terrivel que é para a mocidade uma mulher perdida, tenta despegar-se d'ella, quer fugir-lhe para recomeçar ao longe uma existencia calma e boa em harmonia com as leis sociaes, protectoras para quem as respeita, inexoraveis e implacaveis para quem as despreza ou para quem as illude e é vencido irreductivelmente pela piedade que ella lhe inspira, por aquelle bramido de animal, longo, constante, ininterrupto, com que Sapho acorda e sobresalta os écos de immensa solidão ao vêr imminente a ruptura de que elle lhe fala, que elle com mil precauções lhe faz prever... Grande quadro e de uma moral acre e dolorosa mas incontestavel, que os moços deviam meditar, se é que os moços meditam, se é que a mocidade é compativel com a previdencia e o calculo.

Os seus romances matam a flôr da na alma dos innocentes. Georg Sand é um bello anjo revoltado. Tem o orgulho de Satanaz na imaginação de uma mulher apaixonada. Octave Feuillet tão fino, tão delicado, deve ser lido depois dos trinta annos. Daudet um delicioso romancista, começou a escrever n'uma época doentia; ha n'elle um não sei que de morbido que entristece e que faz mal.

Todos se julgaram n'esse instante com direito a molharem o pincel nas côres iriadas de tão esplendida palheta, esboçaram por isso com as mesmas tintas os perniciosos fructos do lupanar, cantaram o mercurio, a copahiba e a syphilis, esfalfaram as pluraes dos adjectivos, evocaram a desditosa Ophelia, obrigaram Christo a marchar em todas as linhas das suas estrophes, e finalmente prenderam a cotovia entre alexandrinos caudalosos com os epithetos mais extravagantes bebidos na leitura da opulenta prosa de Flaubert, Zola, e Daudet.

N'este exercito, cujos generaes se chamam Flaubert, Zola, Daudet, são os Goncourt que vão na vanguarda, desbastando a grande floresta, em que Balzac foi o primeiro a penetrar, com as suas passadas de gigante e a força herculea do seu machado de explorador.