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E Balkis era mais branca do que os pavões brancos, mais brilhavam as suas cinturas e manilhas pesadas do que as caudas scintillantes. Nas noites escuras sahia ao jardim. Deixava cair entre as moitas de flôres, a cintura, as manilhas, os anneis e o diadema.

Depois, quieta, ouvindo sómente, de quando em quando, o ruido ligeiro das flôres que tombavam, murchas, na areia discreta do jardim, os braços a appoiar a cabeça, como um diadema feito de duas hastes d'açucenas, a Rainha pensava. E esperava... Balkis esperava o noivo que havia de vir.

Balkis esperava. Entre as sumptuosidades do seu palacio de Mareb, a Rainha vivia, solitaria, escondida, com a sua belleza. Em vão os povos e os senhores, ouvindo fallar da immaculada formosura accorriam dos remotos reinos onde a sua lei governava, Sabá, Mareb e Yemen, e, defronte do palacio immenso e fechado, pediam para vêr a deslumbrante adolescente.

Virgens, guardae para o desconhecido Amado, o vosso corpo e a vossa alma, como, se é verdade a lenda arabe, para Salomão, filho de David, guardou Balkis, Rainha de Sabá! Barcelona e o seu porto com incendiados espelhamentos de sol nas aguas que se agitam em pequenas ondas, aguas-fortes de mastros a distancia, toda a geometria do horizonte cinzento cortado pelos perfis dos vapores!

Mas a um signal da Rainha iam-se, despedidos, os poetas com as lagrimas nos olhos, as cabeças curvadas, como sobre o peso das mithras, os avaros e os guerreiros batendo com força, nos ladrilhos polichromos, as sandalias ligeiras. E Balkis voltava para o recuado aposento do seu palacio populoso. Alli, , admirava nos espelhos a gracilidade do seu corpo esbelto e firme.

Deitada no tanque, os braços abertos, as mãos á tona d'agua, como dois lótos brancos, Balkis espreitava o ceu onde se movia o doirado formigueiro d'astros. As estrellas vinham reproduzir-se na agua, como molhadas flôres d'oiro, em indecisos contornos; uma lhe brincava no seio, quasi á flôr d'agua. Era como uma joia a correr, com o movimento do corpo.

N'esta terra cheia de sol, em que as côres não brilham, ardem, e as cassoletas não perfumam, estonteiam, eu sou branca, o sol nunca me viu. Entre os muros dourados dos meus sete aposentos, a vida é quieta e facil! Balkis esperava. Os mezes passavam ligeiros. No jardim fechado, as rosas desabrochavam, perfumavam e morriam.

Deixava cahir sobre o corpo branco, como uma flôr inundada de sol, o cabello loiro. Depois de admirar toda a sua belleza, Balkis dizia-se: Aquelle que eu amar possuir-me-ha intacta, como uma flôr que vive no meio d'uma floresta guardada pelos Medos. Ninguem lhe aspirou o perfume, ninguem viu a côr deslumbrante, ninguem a maculou.

E Balkis, apenas vestida de joias, passava os dias na contemplação dos intactos esplendores da sua adolescencia. Entravam pela janella que abria sobre o jardim fechado e callado, os pavões brancos e os pavões polichromos. Aquelles formavam, estendendo as caudas, pequenas luas macias; estes faziam fulgir constellações, doçuras de velludos, coruscantes gemmas.

Outras vinham com egual brilho e egual frescura, enormes rosas escarlates, como boccas em que os beijos deixam feridas, do desejo intenso. Balkis conservava, no seu corpo nubil, intactos, os esplendores d'uma adolescencia eterna. Untava-se com oleos, alisava com pentes d'oiro os seus cabellos d'oiro. Vestia-se apenas com joias, joia ella mesma.

Palavra Do Dia

resado

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