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Atualizado: 15 de junho de 2025
Tão notavel se afigurava a individualidade literaria de «Chrisfal» que, para a illustre romanista D. Carolina Michaëlis, elle teria sido o creador do genero bucolico em Portugal, e Bernardim apenas o seu immediato imitador; mas, tambem, a semelhança entre elles era tal que, conforme a judiciosa observação do professor Simões Dias, «as obras de um podiam passar como feitas pelo outro.»
Quando tornou a si com a dor, e por ella conheceu que vivia ainda, os seus olhos horrorizados perderam a luz de assombro e de pavor. No meio da casa o Manuel Simões da Aramanha, de pé, encarava-o sombrio e terrivel. Ao pé da mesa o fantasma branco, entrouxado nos lençoes, extendia o braço direito em ar de ameaça.
Por estes arredores não havia quem se atrevesse!... Ah, Jesus, Santo Nome de Maria! accrescentou mais pallido. Deram ainda agora, á noitinha, um tiro no Antonio Simões. Dizem que o mataram; mas o corpo não appareceu! Querem ver que foi parar a alma... Antonio! accudiu o amo um pouco severo. Alma que vae não volta! Isso são medos de criança. Os hospedes da Casa Negra estão vivos, como eu, e tu.
A estas duas perguntas respondia a superstição, que só poderia ter sido o inimigo do genero humano, porque a azinhaga não se via trilhada senão dos pés curtos e deseguaes de um homem, que, fugindo, deixára assignalada no vallado a feição dos joelhos. Aonde acabavam as passadas fortes e largas dos sapatos de Antonio Simões não havia indicio de mais nenhumas.
Trago cá uma idéa!... Emfim! O que for soará... Os dois pozeram-se a caminho, porém muito devagar, porque Manuel Simões de cinco em cinco passos cambaleava com vertigens, a que chamava nobremente vagados. Era noite fechada, quando avistaram a Ponte da Asseca, e a casa. Chovia e trovejava que mettia mêdo.
Sabia a historia da prisão de Antonio Simões, não ignorava a promessa indiscreta que elle fizera, de varejar as costellas do sargento e do Sapo, e o mau conceito que formava d'elles, auctorizava-o a crer que o tiro e a espera haviam partido de um plano concertado com a deliberação e perversidade, que tanto caracterizavam o coxo, e o seu Mecenas.
Por esta não esperava eu. Arrenego! Viu pescar á linha sem anzol, sôr casmurro? Vamos. Esse corpanzil já por terra, e caluda! Não me demoro. Manuel Simões, resmungando, e praguejando, sempre se foi deitando no sitio mais enchuto.
Finalmente, o Manuel Simões da Aramanha, que saíra em ultimo logar, como homem de consciencia, porque não quizera deixar o copo cheio, encarando com o Sapo, que se fazia pequeno como um verme a ver se escapava, calado, mas terrivel de gesto, alongou o braço com a rapidez e a força irresistivel da mola de aço, que resalta, e aferrando o aborto pela nuca, com um murro metteu-lhe os dentes e os queixos pelas guelas, e metade a rastos, metade por seu pé, seguiu com elle atordoado e alagado em sangue o rasto dos companheiros.
Antonio Simões da Aramanha deu-lhe o gosto de entrar dias depois sob seus auspicios na cadeia de Santarem, quasi arrependido da soltura de lingua, com que tinha lançado em rosto ao perseguidor as lagrimas e a ruina das familias, e os crimes contra a patria. O fazendeiro, todavia, não gemeu nos ferros de el-rei, como se dizia então, sem jurar pelas costellas ao malsim.
João da Ventosa e Manuel Simões conservavam-se ainda na mesma posição, mas os canecos tinham ido tantas vezes á fonte do cangirão, e o summo da cepa fôra tão seductor, que, apezar de suas dimensões respeitaveis, o alentado vaso estava quasi no fundo. A lingua começava a pegar-se ao céu da bôcca dos dois bebedores, e os olhos a piscarem-se.
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