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Atualizado: 15 de novembro de 2025
Fôra elle o defensor da cidade do Porto, quando o enfurecido amante de Ignez levava na sua vanguarda o incendio e a devastação. Fôra elle ainda quem acaudilhára a hoste de portuguezes, quando uma invasão de hespanhoes, em desapoderada fuga, deixou o sangue de trezentas vidas nas lanças dos alabardeiros do arcebispo.
Para provar que o cothurno não é feito para os nossos poetas lusitanos, basta lembrar que o assumpto da morte tragica da rainha D. Ignez de Castro, assumpto dos mais interessantes que tem apparecido em scena, tanto nos tempos antigos como nos modernos, tem apurado o estro dos nossos poetas portuguezes, não só pelo interesse da acção, mas por ser a acção passada entre nós, e que para excitar a compaixão tem de mais a historia que a proclama verdadeira.
Tirar Ignez ao Mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso; Crendo co'o sangue só da morte indina, Matar do firme amor o fogo acceso. Qual furor consentio, que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do Furor Mauro, fosse alevantada Contra huma fraca dama delicada!
Mas, ou casassem ou não, é certo que tiveram tres filhos, e que o principe D. Pedro não queria saber de mais nada senão da sua loura Ignez. D. Affonso IV não viu isso com bons olhos. Sabem como elle era. Vivia só para a sua mulher, queria tudo em boa ordem, e não gostava d'essas fraquezas. Os fidalgos tambem não gostavam, mas esses por outras rasões.
Semelhavelmente foi perguntado Estevam Lobato, e disse que sendo el-rei infante e pousando em Bragança, que o mandara chamar á sua camara, e que lhe dissera que o mandara chamar porque sua vontade era de receber Dona Ignez, que presente estava, e que queria que fosse d'ello testemunha: e que o deão da Guarda, que já ahi estava, e outrem não, tomara o dito senhor por uma mão e ella por outra, e que então os recebera ambos por aquellas palavras que se costumam dizer em taes desposorios, e que os vira viver juntamente até ao tempo da morte d'ella; e que isto fôra em um primeiro dia de janeiro, podia haver sete annos, pouco mais ou menos.
D'esse lado ficava a Fonte dos amores emboscada saudosamente na sombra de corpulentos cedros, que ali ouvem a agua suspirar a elegia dos mallogrados amores de Ignez.
E perguntado cada um per si áparte, o bispo disse primeiramente, que andando elle com o dito senhor, e sendo então deão da Guarda, que n'aquelle tempo, sendo el-rei infante, e Dona Ignez com elle, pousavam na villa de Bragança, e que esse senhor o mandara chamar um dia á sua camara, sendo Dona Ignez presente, e que lhe dissera que a queria receber por sua mulher, e que logo, sem mais detença, o dito senhor puzera a mão nas suas d'elle, e isso mesmo a dita Dona Ignez, e que os recebera ambos por palavras de presente, como manda a santa igreja de Roma, e que os vira viver de commum até á morte d'essa Dona Ignez; e que isto poderia haver sete annos, pouco mais ou menos, mas que não se accordava do dia e mez em que fôra: e d'este feito não disse mais.
O mesmo seculo vê um rei portuguez realisar á beira do Mondego o mais ardente e lacrimoso idyllio da tradição amorosa nacional, e, para diluir as sombras com que os validos de Affonso IV quizeram ennegrecer o que n'esse grande amor havia de puresa, mandar rasgar-lhes o peito e lavar a crudelissima affronta no sangue d'elles. A loira Ignez apparece depois de morta menos princesa que martyr.
Os anjos, ronflando as azas, de joelhos, e sustentando as almofadas de marmore sobre as quaes a cabeça de Ignez repousa, deixam comprehender que essas duas creanças aladas estão alli acarinhando uma irmã que passou pelo mundo soffrendo, e que partiu sorrindo...
Correu muito sangue por esse reino, até que emfim se fez a paz, mas D. Affonso IV pouco tempo sobreviveu, morrendo em 1359, dois annos depois da morte de Ignez. Subio ao throno D. Pedro, não é verdade? perguntou com muito interesse o Manuel da Idanha.
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