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Trez dias depois, o morgado chamava ao seu escriptorio o Felix Telles e perguntava-lhe: Onde foi que você despiu o dominó preto? No Hotel Alliance. E não viu no dominó preto alguma cousa branca? se fosse o forro... Mas não reparei. Pois eu lhe posso dar algumas explicações, que façam luz sobre o caso. Felix Telles esbugalhava os olhos attento, curioso.

A pequenez do corpo, cuja flexibilidade o dominó não encobria; a delicadeza da mão, que protestava contra o ardil mentiroso d'uma luva larga; a ponta de verniz, que um descuido, no lançar do , denunciára debaixo da fimbria do velludo, este complexo de attributos, quasi nunca reunidos em um homem, captaram as serias attenções do outro, que, incontestavelmente, era um homem.

Aquella celebre mascara? aquelle mysterioso dominó, que prometteu seguir até o fim do mundo, nas vesperas da sua sequestração? Nunca mais se fallou em tal, e ha quem insista em ver ahi o principio de tão subita conversão.

O setim mudou de opinião a respeito do seu perseguidor. E não admira que o recebesse com rudeza no principio, porque, em Portugal, um dominó em corpo de mulher, que passeia «sosinha» n'um theatro, permitte umas suspeitas que não abonam as virtudes do dominó, nem lisongeam a vaidade de quem lhe recebe o conhecimento.

Isto aqui, sim! que a humilde e santa egualdade o mundo mergulha emfim no sol da eterna verdade!... «Boas noites, dominó isso me dizes? «. Pois desde te requeiro que ámanhã fiques na cama, e manda o teu travesseiro dar umas voltas por .

E logo muitas vozes, umas accentuadamente masculinas, outras feminilmente esganiçadas, começaram a gritar n'uma surriada d'opereta, emquanto o dominó preto passava: Olha o Felix Telles de Estarreja! O homem estremeceu dentro do seu dominó, debaixo da sua mascara.

Este outro dominó, que tu não conheces, é um cavalheiro: não temas a menor imprudencia. Não me martyrises! disse Elisa. Eu sou infeliz de mais, para ser flagellada com a tua vingança... Tu és Henriqueta, não és? Que te importa a ti saber quem eu sou?!... Importa muito... Sei que és desgraçada!... Não sabia que vivias no Porto; mas palpitou-me o coração que eras tu, apenas me chamaste Laura.

Não viu um papel branco pregado nas costas do dominó preto? Não vi! Aqui o tem, pois dizia o morgado desdobrando cautelosamente uma tira de papel enrugado, rasgado, que o visconde mandára pedir ao Hotel Alliance e lhe tinha remettido pelo correio. E elevando-o á altura dos olhos de Felix Telles, mostrou-lh'o. Sou o Felix Telles de Estarreja! dizia o papel.

A principio talvez fosse ella instrumento de minha grandeza; mais tarde, porém, tornou-se a causa de todas as minhas desgraças, e ainda o é hoje, posto que repudiada. E este povo, a quem desprezo, ousa murmurar! atreve-se a queixar-se de seu senhor nos mesmos lugares onde reino e domino?

Pyramidal! meu caro Felix Telles. Applaudo com enthusiasmo. deitar-se, visto que tem de fazer madrugada. Mas que boa partida! Eh! eh! ria o morgado, esfregando as mãos de contente. Foi dali o fidalgo para o seu escriptorio e, a rir comsigo mesmo, redigiu o seguinte telegramma: «Felix Telles chega ahi hoje noite para intrigar-te theatro Trindade. Dominó preto, alugado Cruz. Vai Hotel Alliance.

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