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Atualizado: 8 de julho de 2025


Maupertuis tinha fallado depois de Ronquerolle. Recorreu para o tom ironico e os seus sarcasmos, cheios d'espirito parisiense, tinham posto o auditorio n'um bello humor. Depois de Maupertuis, o presidente do «comité» republicano, Kolri, desenvolvêra um pequeno discurso cheio de bom senso e d'energia.

D. Julia apparentava exteriormente um socego d'espirito, que interiormente não sentia, por que receiava muito a chegada do outono, época, que os medicos tinham marcado, a mais longa a que poderia chegar. A anciedade, pois, que todos soffriam pela aproximação d'esse termo fatal, era geral. Chegou o outono.

Bem, meu caro? E continuava a palestra interrompida. Depois a correcção exigida ao penetrar n'aquelle camarim. Vinha-se de cabeça descoberta, cortejal-a com grandes reverencias. Os homens não fumavam. Uma palavra familiar, uma graça mais núa, transmutavam na côr as iris da divindade. E nenhuma familiaridade antes de se ter sido apresentado com as formulas mais puras do estylo. Porque era de saber que se tratava com uma mulher superior, a primeira actriz portugueza, astro, deuza, musa do drama, Rachel, Sarah, M.lle Mars, e as mais chapas consagradas n'este genero d'apotheoses. Depois, mulher do mundo, espirito de duqueza á Balzac, leituras finas, e seriedade de porte, dizia-se, não vulgar entre lonas pintadas. Era d'estas mulheres de scena afinal, corrompidas d'espirito e gastas de sensibilidade, pelo habito de fingir, representar ao vivo, e pintar tudo, labios, cabellos, sentimentos. O abuso de cosmeticos, estragando-lhe a epiderme da face, prohibira-lhe as transparencias do rubor, que na mulher mesmo velha, são a juventude eterna da alma ao tempo que os papeis violentos, embotando a sua vibratilidade, lhe não deixavam sentir as coisas originalmente e por si proprias, como se cada sensação sendo um dedilhar de corda eolea, ficasse impossivel, estando esta corda partida. Como todo o artista fatigado, a Velledo obedecia agora aos moveis extremos, o interesse, o orgulho, um vicio, um desejo, sentindo desprezos pelo mais. Tudo era n'ella preparado scientificamente, ensaiado, solemne, feito de cór um papel, um sorriso, uma generosidade, um cumprimento. Aos trinta annos percorrera tudo na vida, os cimos e baixos fundos torvos, onde as podridões são pictorescas; bambochas de fabrica; mancebias d'acaso, em aguas furtadas, com estudantes e carpinteiros; fomes de palmo, pantomimas de feira, noites sem leito... todas as escoriações do vicio caloteado e baixo. Teve um filho aos quinze, de que não sabia aos dezoito. E pancadas, figurou no livro das prisões, foi bailarina e creada de hospedaria. Agarrada para povo n'um dramalhão de apparato, uma noite em que vagueava á busca de homem, entrára a crescer. O ponto levou-a para casa, o ensaiador achou-lhe geito; dois ou tres noticiaristas entraram com referencias á novel artista. E engrossou, encheu de hombros, fez-se mulher; e este viver a fôra curtindo, ficando-lhe o frio olhar calculista, que farto de se vêr explorado e cuspido, tudo agora revertia em proveito proprio. A sua belleza, embryonaria aos quinze, eflloresceu após o primeiro filho em exhuberancias mimosas e brancas, e delicados tons de face. Aos trinta annos, levando uma existencia tranquilla, boa meza, dois cavallos, o palacete da Graça, e brasileiro para argent de poche, Velledo era uma mulher alta, branca, sólida, admiravelmente moldada. Isto dava aos seus grandes gestos de drama, pomposos á força de convencionaes, uma soberania e relevo que eram o furor do corpo commercial, brasileiros de volta, provincias e ilhas, todo o paiz inda rançado em banhas lyricas e sentimentaes tradicções. Nenhuma d'esse tempo possuia olhos, hombros e braços como a Velledo. Gentes decahidas por edade ou excessos, iam ouvil-a de rainha, princeza d'isto ou d'aquillo, Fernanda, Magdalena de Vilhena ou Morgadinha, a galvanisarem-se e readquirir tom, pela excitação ou deslumbramento da sua voz dizendo tiradas pomposas, ou d'essa extraordinaria carne extravasando em maravilhas plasticas. N'uma cidade como a nossa, onde as mulheres filiformes e glaucas lembram bichos de seda na muda, aquella magnifica e authentica mulher fazia imperio e dava cubiça, mesmo assim fria de mascara, e parecendo viver fóra de scena a eterna insomnia das estatuas. Não era muito talento, mas os gestos salvavam-n'a, depois de se haverem salvo pelos braços. Os amantes tinham-n'a feito distincta, linha de princeza, uma graça real a receber os que promettiam, nenhum, titubiamento em tête-

Como eu respondesse a isto, fazendo um d'estes movimentos de cabeça, que são um protesto mudo e respeitoso, ella acrescentou: Está com paciencia para me aturar ouvindo uma historia, pois que ainda temos algumas horas? Não recusei: uma historia era uma fortuna para combater a exaltação d'espirito em que estava.

Voltaire, aos oitenta annos de idade, no momento em que Paris o acclamava e o cobria de corôas no meio do maior triumpho de que ainda foi objecto um homem d'espirito, apeou-se em publico da sua carruagem forrada de setim asul e cravejada de estrellas d'ouro, e dirigindo-se a Turgot perdido na multidão, cahiu de joelhos banhado em lagrimas aos pés d'elle, e disse-lhe: Deixe-me ter a gloria de beijar a mão que assignou a salvação do povo.

Era uma menina para quem a natureza tinha sido prodiga em encantos de rosto, d'espirito e coração, a ponto de qualquer que a via a admirar, e de quem a ouvia amal-a immediatamente. Tinha uma tal influencia, ou magia sobre os que se acercavam d'ella, que aos bons tornava-os melhores, e aos maus fazia-lhe retirar envergonhados para o fundo do coração os maus instinctos.

Depois, com acerado sorriso de maldade: Agradece, mulher, a mim e ao teu Deus Esta disposição d'espirito, e os meus Bons nervos hoje; e grava, em summa, na memoria Que o insulto nem sempre é uma gloria! MARIA muito vexada pela insultante benevolencia de Claudia: Eu não pedi perdão...

Mais saboroso pasto d'espirito que esse não ha talvez, porque em taes lembranças alarga-se o ambito dos nossos affectos: com ellas povoamos a casa de mais entes para amarmos; explicamos pelos caracteres e inclinações dos mortos os caracteres e inclinações dos que vivem; os habitos actuaes pelos habitos e costumes dos nossos velhos.

Eu flartava, nós flartavamos ellas flartavam... E não ha mais doce nem mais suave intertenimento d'espirito do que o flartar com uma elegante e graciosa menina ingleza; com duas é prazer angelico, e com tres é divino. Para quem nasceu n'aquillo, não é perigoso; para mim degenerou, breve, aquella placida sensação em mais profundo sentimento. Veio a admiração primeiro.

O vento do outono despia as arvores da sua folhagem; mas a poesia melancolica e contemplativa d'essa transfiguração, qual a eu sentia na minha aldêa, convertera-se agora em profundo aborrecer-me, em cerração d'espirito, em arrependimento doloroso. «A duas leguas de nossa casa, minha boa mãi, quiz retroceder: reteve-me a vergonha.

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