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No cartório, melhor do que nos livros, sem gangas literárias, sem imagens, o Veiga ouviu a maré rouca da desgraça: a sua caneta atenta correu-lhe os sete círculos fatídicos; soube-a de cor, como um folhetim vivo, gritado aos seus ouvidos, que êle recolhia em papel selado a 20$000 réis por mês.

Desejaria ir estirar-se ao comprido, n'um sitio isolado, longe de advogados, de mulheres e de padres, e dormir durante mezes. Mas como passava das tres horas, apressava-se para o cartorio do Nunes. Teria talvez ainda de ouvir um sermão por ter chegado tão tarde! Triste vida a sua!

Ao outro dia cedo, corri ao cartorio do Justino, a S. Paulo, contei-lhe a pranteada historia d'um condiscipulo meu, tisico, miseravel, arquejando sobre uma enxerga, n'uma fetida casa d'hospedes, ao do largo dos Caldas.

Amelia emfim melhorou com grande alegria de João Eduardo, que emquanto ella estivera doente vivera n'uma afflicção, lamentando não poder ser seu enfermeiro, e derramando ás vezes no cartorio uma lagrima triste sobre os papeis sellados do severo Nunes Ferral.

E se soubesse que era o seu escrevente que o compuzera, com as pennas do cartorio, no papel almaço do cartorio... Via-o rôxo de cólera, alçando sobre o bico dos sapatos brancos a sua pessoa gordalhufa, e gritando na voz de grillo: «Fóra d'aqui, pedreiro-livre, fóra d'aquiFicava eu bem arranjado, disse João Eduardo muito sério, nem mulher nem pão!

Perdia as noites num delírio gago, a proclamar no botequim o amor livre. Faltava ao cartório muitas vezes. Inconscientemente, como rezava com devoção até pouco, absorvia brochuras anarquistas, e tinha

A sua actividade desenvolvera-se, sobretudo, mal soubera que o conego Dias, o ricaço, estava interessado na «pesquiza». E todos os dias, á noitinha, esgueirava-se cautelosamente pelo portão d'Amaro a dar-lhe as novidades: sabia que o escrevente estivera ao principio em Alcobaça com um primo boticario; depois fôra para Lisboa; ahi, com uma carta de recommendação do doutor Gouvêa, empregára-se no cartorio d'um procurador; mas o procurador, passados dias, por uma fatalidade, morrera de apoplexia; e desde então o rasto de João Eduardo perdia-se no vago, no cahos da capital.

Jura elle in verbo sacerdotis que, no anno de 1827, apparecêra no cartório da egreja de S. Nicolau uma mulher de capote dizendo que pretendia se lhe baptizasse um menino filho de paes incognitos, e que trazia procuração do desembargador Ferraz para ser padrinho; mas, no acto de lançar o competente assento no livro, ella observára que, sendo verdadeiramente padrinho quem tocava no menino, melhor seria não designar elle prior como padrinho o dito desembargador, mas sim o portador da procuração.

A scena passára-se em uma sala contigua á do cartorio da casa, onde desde pela manhã Jorge se encerrára a examinar uns papeis de importancia. O padre suppunha-o fóra, e por isso promovêra aquella reunião, prestes a tornar-se tumultuosa. Assim pôde Jorge ouvir tudo. Percebeu a necessidade de fazer cessar aquella scena escandalosa, e terminal-a airosamente, embora á custa de algum sacrificio.

No dia seguinte tinha-os ella embrulhados n'um papel, que dizia por fóra em letras garrafaes: Ao meu rico amigo Tio Cegonha, a sua discipula. Uma manhã, depois, viu-o mais amarello, mais chupado: Ó Tio Cegonha, disse de repente, quanto lhe dão no cartorio? O velho sorriu-se: Ora, minha rica menina, quanto me hão de dar? uma bagatella. Quatro vintens por dia. Mas o snr. Netto faz-me algum bem...