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No dia seguinte de manhã, D. Aurelia e o padre Manoel, movidos da extraordinaria curiosidade de saberem o resultado da audaciosa aventura de Julio de Montarroyo, correram a casa d'este com o fim de o interrogarem. O excentrico apaixonado de Helena de Noronha estava no leito ardendo em febre.

Repartia-se o bom do cura entre estes dois desgraçados, ora visitando Julio, ora visitando D. Aurelia, succedendo que raras vezes deixavam os tres de encontrar-se juntos e de, em commum, trocarem impressões sobre os acontecimentos que se succediam, quer na localidade, quer mesmo n'outros pontos do paiz, e cuja noticia lhes chegava pelos jornaes.

Então, doutor? interrogou D. Aurelia. Enganei-me, minha senhora disse o medico julguei que um caldo de gallinha e algum socego reconfortaria a nossa doente, mas vejo agora que o remedio não está na cosinha, está tambem na botica.

Pobre Helena! suspirou D. Aurelia que negro destino foi o seu! Infelicitou-se e infelicitou quantas pessoas se lhe aproximaram. Ha creaturas assim dotadas d'este fatal condão de trazerem o soffrimento e a desgraça comsigo. E no emtanto as suas intenções eram sempre nobres e puras.

Estranho encontro D. Aurelia, despedindo-se do padre Manoel, recolheu a casa, scismando nas palavras do sacerdote.

Helena de Noronha chorava silenciosamente, apertando com ambas as mãos o coração, que parecia querer saltar-lhe fóra do peito. D. Aurelia proseguiu: Assim, o desditoso adquiriu por todo o preço a casa que foi de teu pae, que foi tua, e n'ella vive, ou antes n'ella vae morrendo lentamente, ralado de dôr e de saudade...

Vamos tratar de a restituir á vida, e encetaremos depois o tratamento que julgarmos conveniente... Creio, porém, que não teremos grande necessidade de recorrer á botica... Afigura-se-me que bastará apenas recorrer á cosinha... Vou mandar-lhe matar uma gallinha! acudiu D. Aurelia. Sim approvou o doutor.

E, pois, que em Thayde não ha alguem sufficientemente sensato e honesto para dar um exemplo de dignidade humana, eu irei esta noite mesmo á Senhora do Porto investigar o que ha de verdade na mysteriosa apparição. Pois quer aventurar-se, por uma noite d'estas, a ir d'aqui á Senhora do Porto! observou D. Aurelia, espantada. E porque não? respondeu Julio Conheço o caminho e o meu cavallo é seguro.

Sinto-me morta, minha amiga... Pouco poderei importunar-te... Mandei-te chamar e quiz que me reconhecesses e me ouvisses, porque não desejo levar para a sepultura, com o remorso de tantos erros e de tantos crimes, ainda mais este cruciante espinho de uma ultima ingratidão... D. Aurelia tentava socegal-a e reanimal-a com a sua amisade, com seu carinho.

Este dialogo passava-se em casa de D. Aurelia, ao cahir da tarde. A irmã de Gustavo, no intuito de proporcionar a Julio, seu vizinho e amigo de seu irmão, uma distracção que lhe aligeirasse as horas tristes das pesadas e longas noites de inverno, costumava tambem receber o parocho da freguezia, que não era aquelle saudoso padre Luiz dos tempos de Norberto de Noronha.

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