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Dizia adeus ás tardes joviais de recreio, adeus a tudo quanto me tinha consolado de viver!... Algumas vezes, mas sempre quando não estava o Chico, a Mariquinhas mandava-me chamar com muito empenho. Ia logo, correndo alvoroçada, e encontrava-a então carinhosa como nunca, num redobramento de aféto e ternura que me fazia esquecer todos os agravos.

Foi sua sustancia alegrar-se primeiramente no esforço, despejo, e segurança que em todos para sua honra claramente via e conhecia, e que não era sem causa; porque todolos que entre si via, poderia contar no amor por seus filhos e netos, pois todos eram seus criados e filhos de seus criados, e assi disse mui particularmente todolos agravos e perseguições, e desfavores, que d'El-Rei por induzimento do duque e do conde seu filho, e dos de sua valia tinha recebidos, com os quaes justificou as causas de sua querella, para cuja emenda e vingança ali eram vindos, e que não cressem que n'isto entrava odio nem escandalo que tivesse d'El-Rei D. Affonso seu Senhor; porque elle como mui leal seu vassallo e servidor, o reconhecia algum não, porque Deus sabia que elle o amava e era razão que amasse sobre todalas cousas do mundo.

E disse logo: «D'estes agravos e perseguições em que justiça, razão, nem humanidade não consente, eu primeiramente me queixo a Deos como a e principal Senhor de todalas cousas, e depois á Real casa de Portugal em que nasci e me criei, e a que até agora bem e lealmente sempre servi.

E o Infante D. Pedro se foi com El-Rei á cidada do Porto, onde tornaram a elle sobre o mesmo caso da Rainha quatro embaixadores, dois em nome d'El-Rei de Castella, e dois em nome do seu povo; porque a Rainha D. Lianor, quando viu os primeiros embaixadores tornar com resposta á sua esperança e desejo tão contraira, começou claramente de conhecer os enganos em que caira, e lastimando-se d'isso aos Infantes seus irmãos, elles por em alguma maneira cumprirem com ella, fizeram com El-Rei que os procurados dos povos de seus reinos em côrtes ouvissem, como ouviram suas querellas e agravos contra o Regente, e com tal graveza se propozeram, que foi accordado enviar-se por final aquella embaixada, em nome d'El-Rei e do povo com temerosas protestações, dizendo que quando aos requerimentos d'ella não se satisfizesse, poderiam então mover guerra, sem parecer que por sua parte as pazes se quebrantavam.

Do que elles ficaram mui torvados, porque a conheceram mudada de todo, e sobre isso houveram entre si muitos debates, em que a Rainha finalmente foi dos agravos d'elles vencida, e quiz contra sua vontade satisfazer ao que tinha prometido. E d'este segredo era em sua casa sómente sabedor Diogo Gonçalves Lobo, seu vedor, que com muita trigança deu aviamento a todo o que cumpria para sua partida.

E com estas cousas que traziam fundamento de razão e verdade, e por a condição natural d'El-Rei ser inclinada a todo razoado bem, muitas vezes se despunha a lhe pesar dos procedimentos e agravos que contra seu tio fazia, e certo parecia que as cousas de seu damno e abatimento em que consentia eram confrangidamente e sem sua vontade.

E assi escreveu ao Infante por João Rodrigues Carvalho, escudeiro de sua casa, defendendo-lhe com grande estranhamento «que não tivesse ao duque o caminho, e o leixasse passar livremente, pois o ia servirDo qual recado foi o Infante mui triste, e mostrou grande sentimento, e sobre a sem razão de seus agravos e perseguições fallou algumas cousas ao messageiro que pareciam de aspereza, mas não tão feias nem assi malditas, que se não podessem dizer de um agravado servidor a um Senhor mal informado.

Mas este apoio que nós lhe damos, e a que eu chamo meramente teórico e aplauditivo, não pode ir além, porque não poderá o Sr. Sidónio Pais nem ninguém, seja quem for! fazer esquecer aos monárquicos o que o regímen republicano tem feito em Portugal, e lhes tem feito a eles, como eu nunca poderei esquecer o que me fizeram os democráticos em insultos, em agravos, em ofensas e agressões.

Alli se juntaram os Infantes com alguns principaes seus adeptos que hi eram, e fallaram algumas vezes nas sem razões e agravos que o Infante D. Pedro tinha nas cousas passadas recebidos, e assi no remedio que se teria nos que se aparelhavam e estavam por vir, para acrecentamento dos quaes foram alli certificados que El-Rei como foi em Cintra logo por engenho do conde d'Ourem e dos outros ordenara em desfavor e quebra do Infante estas cousas.

O Infante D. Pedro, porque a este tempo ainda tinha no Infante D. Anrique sobre todos grande esforço e muita confiança, mandou logo a elle que era em Thomar, João Pirez Diogo, seu cavalleiro, e por elle lhe enviou notificar e trazer por extenso á memoria os muitos agravos e desfavores que d'El-Rei por seus imigos tinha recebidos, e como lhe parecia que estas cousas, segundo as via guiadas do odio e viradas contra toda razão e justiça, que apertavam muito para sua destruição, avisando-o mesmo por mais claro argumento d'isso, da maneira em que o duque vinha, e como a seu despeito queria passar por sua terra e com que fundamento, pedindo-lhe que em tanta e tão injusta pressa e angustia como esta em que estava, elle por sua bondade e com seu valor e auctoridade, pois era em sua mão, lhe quizesse valer, afirmando se, porém, «que seu proposito e determinação era impedir por força e sem escusa a passagem do duque, pois vindo em sombra de poderoso e tendo outro caminho por que sem escandalo poderia ir á côrte, determinava vir pela Louzã, que era sua villa, sem lh'o primeiro fazer saber».

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