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Immediatamente, em guisa de campo de batalha, se estremaram dous partidos. Em todas as mãos luziam aos reflexos das candeias facas e punhaes. Metade dos fregueses predispunha-se para a defesa e outra metade para a investida. Vaes levar a tua conta, meliante! O vendeiro teve rasão... Rasão vamos ver quem a teve! Trocaram-se estas rudes ameaças em um abrir e fechar de olhos.

Chega n'isto o vendeiro diligente Com as suas fundagens saborosas; Bebe d'ellas André alegremente, Desafiando as gentes tão famosas. Mas d'entre elles um bebado valente Responde-lhe que as gentes valerosas Não sahiam a um; e com razão, Que é fraqueza entre ovelhas ser leão.

Vae-se cada um a casa retirando, Porque quer vomitar muito apressado; Quem arrota, e alli vae engulhando, Na boca mette a mão desatinado. O vendeiro fugiu, desamparando A venda, do beber amedrontado; Gloriam-se os que ficam do seu braço Que a tantos afugenta em breve espaço.

Eis no estomago o fumo se levanta Da furiosa e quente companhia, Que de tal modo bebem que se encanta O vendeiro que o vinho lhes vendia. A multidão dos fumos era tanta Do vinho que á cabeça lhes subia, Que logo o Alcaide foge de medroso, De que o Marques ficou mui desgostoso.

O vendeiro quedara a principio silencioso e soffredor como uma estatua; mas depois com a ligeiresa de um tigre pegou pelo bojo de um cangirão quasi cheio de vinho e, ministrando-lhe a força de um punho de Sansão, em um apice o arremessou á cabeça do aggressor. O barro quebrou-se em pedaços e dous jorros de sangue borbulharam da testa em que elle bateu.

Dizendo isto o Mourisco carregou Os seus odres, deixando a companhia, D'ella e do vendeiro se apartou; Bebe cada um sua vez por cortezia; Os novos companheiros acceitou Com mostras de prazer e d'alegria, Dizendo a cada um que caminhasse, E quem beber quizesse que o tomasse.

Eras um bom tratante!... fugias de noite, e vinhas de madrugada pedir-me que te ensinasse o Larraga... Boas as fizeste!... Que é feito d'aquella rapariga do vendeiro de Campanhã que tu tiraste de casa? Não fallemos n'isso... Como tu te lembras d'essas rapaziadas... Esse tempo passou... Pois era uma rapariga perfeita!

O vendeiro apresentou seguidamente seis garrafas cobertas de e foi despejando as primeiras duas no bojudo cangirão. O badage pegou da vasilha e dispôz-se a offerecel-a a cada um dos homunculos. Cada cangirão mal chegava para quatro bebedores, mas á medida que se esvasiava não se esquecia o taverneiro de o reencher até aos bordos.

Vejo, rosnou o ex-carcereiro, que não sois homens para empresas serias. Tanto medo para nada! Eu, que servi por alguns annos essa corja de inquisidores, confesso-vos que não recuo nem me arreceio. Aqui ninguem confessa medo! interferiu o vendeiro com heroica resolução. A vida é uma ninharia e a mim tanto se me morrer hoje na praça como ámanhan na cama. Vamos ou não vamos, rapases?

Meus rapases, fallou-lhes o badage, não estamos em maré de bulhas e rixas com amigos. O valor e a coragem podem experimentar-se em outra liça. Quereis mostrar-me agora que sois valentes, meus rapases? Topa-nos ás ordens, fidalgo! Mas primeiro deixe-nos dar uma tosquia a taverneiros desaforados. O vendeiro estava bem seguro pela gola da jaqueta.

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