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O rôlo de pergaminho, meio desdobrado sobre o bufete, em Mira-Mar, continha, em letra muito bordada, semelhante á dalguns manuscriptos do seculo XVI, o ultimo canto de Maria Peregrina Elegia da Morte. Este Poema é o preludio da Morte, annuncia a Libertação!
Era á hora em que os lampiões dos molhes zebravam de luz a ultima agua. A Artista ia a sahir ao molhe do nascente, junto ao candieiro roxo. E era ahi, áquella luz de alecrim, sob o docel mysterioso do arvoredo, que despedia os companheiros, recolhendo cedo e só a Mira-Mar. Recebia cartas de Nuno de quando em quando. E escrevia-lhe todos os dias.
De Mira-Mar avistam-se as terras barrentas do Cabo Mondego, morrendo na agua, o lindo casario da serra, branco e religioso como um systema de ermidas, bellos poentes, tudo o que o abraço do mar e da serra pode dar de grande, como expressão de paisagem voluptuosa.
Passou os primeiros dias num torpor de contemplativa de quem mal dá pela vida externa. O mirante e os alegretes de Mira-Mar eram pontos de vôo á sua imaginação triste para um paiz de bruma, que nem bem sabia onde era, e, a bem dizer, só existia em si propria. Esse paiz era ella mesma, nevoenta como o espirito que o creára para si.
Ruy, informou o mordomo, morreu ha poucas horas... Cahiu ás primeiras balas das tropas fieis, junto ao monumento da Restauração, na Avenida, entre os revoltosos... Maria Peregrina, que chegou á Figueira muito fatigada e doente, no começo de outubro, foi installar-se na pequena vivenda de Mira-Mar, á extrema da cidade.
Mira-Mar era já uma camara alada... Subito, sentiu um repelão forte na janella estreita do lado do Mondego. E, a seguir, outro, que lhe partiu a fecharia, escancarando-a. Uma lufada de vento dispersou, rapida, aquella atmosphera de morte e sonho.
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