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Acordei do meu sonho, e depois d'elle Tenho visto o demonio algumas vezes; Não menos vezes a traidora Julia; Porem Lelia, a gentil graciosa virgem, A predilecta noiva da minh'alma, Essa apenas em sonhos me apparece! Maio de 1862. Desherdados no berço de heranças, Desvalidos dos braços de mãe, Quem nos cérca o viver de esperanças, Nos educa, nos veste, e mantem?

Lelia, a seu lado, com as mãos erguidas, E os olhos postos no sagrado emblema, Estas doces palavras me dizia: «Deixou-te o negro espirito! Feliz de novo agora, Sorri tua alma em extasi Ao ver a pura aurora, Da qual sómente é nuncia Na terra a humilde cruz! ella, eterno simbolo De amor e de piedade, Brilha no mundo esplendida, E diz á humanidade: Surge das trevas lugubres; Ascende á etherea luz!

A voz emmudeceu. O olhar sereno Sobre mim se cravou com mais ternura! Era Lelia, ou seria a imagem d'ella Que eu tinha ante meus olhos deslumbrados? Tudo era incerto e vago no meu animo, Como é vaga a impressão d'um bello sonho! Aureola de luz resplandecente Veiu então inundar aquella fronte. Reconheci emfim, oh! era Lelia, Que desprendêra a voz, que proferíra Com tão profundo affecto aquellas fallas! A seus pés nesse instante allucinado Num extasi de amor me precipito, Repetindo anhelante estas palavras: «Resurge outra vez das sombras Da tristeza em que vivia Est'alma, é toda alegria, Volve á tua alma infantil.

Tranzido de terror em vão procuro Meus olhos desviar d'aquelles olhos, Cuja sinistra luz me fascinava! Suspendendo na mão livida e fria A mesma c'roa de virginias flores, Que eu tinha visto na graciosa fronte Da celeste visão que me encantára, Disse emfim com satanica ironia: «Olha: é esta a grinalda immaculada, Da tua ingenua e seductora Lelia!

E a pobre Lelia, A meiga apparição que nos meus braços Tinha vindo entregar-se sem receio, Onde estava? calada e pensativa, Contemplando o meu rosto, onde subia O sangue accezo em ondas de desejos. Em presença d'aquella peccadora, Esqueceu-me de todo o sentimento Que me inspirára o anjo de innocencia. Sou poeta; bem sabes que os poetas Não são de certo os entes mais constantes!

Quando o marquez d'Urfé escrevia as suas novellas pastoraes, embrincadas de polidissima cortezia nos amores, vivia-se em França, pouco mais ou menos, como nos romances de Soulié, de Kock e de Feydeau. Ha de tudo. Ha muitissima gente honesta que a Lelia de Sand, e muitissima gente de ruins manhas que a Fabiola do cardeal Wisemann.

Ella, entretanto, n'uma exaltação theatral, defendia a these do adulterio, com reminiscencias peoradas da Lelia de George Sand; e, como inconsciamente, na abstracção enthusiasta dos largos gestos, ia engatando uns calices nos outros, em rapida viagem para a região do Falstaff e da Maria Parda de Gil Vicente.

Pouco a pouco nas faces desmaiadas Se accendêra o rubor; nos olhos negros Scintillou por instantes uma lagrima, «Precursora de languido deliquio». Meiga, sonora então, como seria A voz do archanjo que descesse á terra, Junto a mim murmurou a voz de Lelia: «Vou deixar-te; amanhã, no mesmo sitio, Á mesma hora, de novo nos veremos; Vou resar a oração que me ensinára, Minha mãe quando eu era pequenina.

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