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As altas tôrres, que fundei no vento, Levou, em fim, o vento que as sostinha: Do mal, que me ficou, a culpa he minha, Pois sôbre cousas vãas fiz fundamento. Amor com brandas mostras apparece, Tudo possivel faz, tudo assegura; Mas logo no melhor desapparece. Estranho mal! estranha desventura! Por hum pequeno bem que desfallece, Hum bem aventurar, que sempre dura!

Ventos ſoltos lhe finjão & imaginem Dos odres, & Calipſos namoradas, Harpias, que o manjar lhe contaminem Decer aas ſombras nuas ja paſſadas: Que por muito & por muito que ſe afinem Nestas Fabulas vaãs tambem ſonhadas, A verdade que eu conto nua & pura Vence toda grandiloca eſcriptura.

Os meus alegres, venturosos dias Passárão, como raio, brevemente; Movem-se os tristes mais pezadamente Apos das fugitivas alegrias. Ah falsas pretenções! vãas phantasias! Que me podeis ja dar que me contente? Ja de meu triste peito a chamma ardente O tempo reduzio a cinzas frias.

Talvez ali tambem riste, amorosa... Cantando entre as torturas assassinas!... Como as rosas que tapam d'uma lousa As vãas escuras inscripções latinas! Talvez tam bem choraste nos caminhos... E alegre riste, ás virações contrarias, Como, ó meu bem, ao sol, os passarinhos Riem dentro das urnas funerarias! Talvez! quiçá! Talvez! Ó Mar eterno!

Imagens vãas me imprime a phantasia; Discursos novos acha o pensamento; Com que dão á minha alma grão tormento Cuidados de cem annos n'hum dia. Se fim grande tivessem, bem sería Responder a esperança ao fundamento: Mas o fado não corre tão a tento, Que reserve á razão sua valia. Caso e Fortuna pódem acertar; Mas se por accidente dão victoria, Sempre o favor da Fama he falsa historia.

Eu o vi, d'olho acceso, indomito, espumante, prégar a sedição, direitos, regalias, e erguer a Plebe-Mãe ás santas utopias que fazem levantar na praça os estandartes! Eu o vi, eu o vi, queimar os baluartes do Respeito Real, e as ultimas trincheiras, agachado na treva assim como as toupeiras, a minar, a minar, as monarchias vãas!

A ingratidão esquiva de rigores Opposta nuvem he, que dura em quanto Nos não converte o Ceo em triste pranto Suas vãas esperanças, seus favores. Póde-se contrapôr ao ceo a terra, E estar o sol por horas eclipsado; Mas não póde ficar escurecido. Póde prevalecer a vossa guerra; Mas, a pezar das nuvens, declarado Ha de ser vosso sol, e obedecido.

Immensa luz, que as carnes desenterra, Lançará fóra as portas vãas do Averno, Hum Justo e outro alçando á santa terra. Outros, que são os maos, no fogo eterno Deitará, descobrindo-se os segredos, E sendo claro todo feito interno. Desfeitos serão montes e penedos, E será tudo pranto e estridor duro; Obras de grande dor e tristes medos.

Que se possivel fosse que tornasse O tempo para traz, como a memoria, Por os vestigios da primeira idade; E de novo tecendo a antigua historia De meus doces errores, me levasse Por as flores que vi da mocidade; E a lembrança da longa saudade Então fosse maior contentamento, Vendo a conversação leda e suave, Onde huma e outra chave Esteve de meu novo pensamento, Os campos, as passadas, os sinais, A vista, a neve, a rosa, a formosura, A graça, a mansidão, a cortezia, A singela amizade, que desvia Toda a baixa tenção, terrena, impura, Como a qual outra alguma não vi mais... Ah vãas memorias! onde me levais O debil coração, qu'inda não posso Domar bem este vão desejo vosso?

Saturno, que, perdida a luz serena, Causou, qu'em dura pena, desterrado, Fosse do ceo lançado, onde vivia; Porque os filhos comia, que gerava. Por isso se mudava o tempo igual Em mais baixo metal: e assi descendo Nos veio, emfim, trazendo a este estado. Mas eu, desatinado, aonde vou? Para onde me levou a phantasia? Qu'estou gastando o dia em vãas palavras?

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