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Atualizado: 12 de julho de 2025


A Anna do Védor empurrou o hombro do filho, e fez um gesto que, combinado áquelle movimento, exprimia a mais radicada duvida. Vae-te d'ahi! Olha agora o disparate! Ora, ora... Creia que é verdade. Pois a tola da rapariga... metter-se-lhe-ia em cabeça?... Não se lhe metteu em cabeça coisa nenhuma. Gosta d'elle, mas sem esperança, e tanto que não hesita em casar com outro.

E assi foi o Infante fazendo com muito resguardo suas jornadas até o mosteiro da Batalha, onde o vedor da obra d'elle que fôra sollergião d'El-Rei D. João seu padre quiz com armas e artelharias poer o mosteiro em resistencia e defesa contra elle, mas os frades lh'o não consentiram, e abrindo as portas mandaram dizer ao Infante que o receberiam na fórma e com as cerimonias que elle ordenasse, mas o Infante não quiz que fosse salvo como sempre fôra, encomendando-lhe que na procissão com que a elle viessem, como de costume tinham, cantassem devotamente por elle o salmo que começa.

A mãe e o filho almoçaram, conversando sempre sobre o assumpto, e Clemente tentando combater a resolução que percebia na mãe de cumprir o que annunciára. Anna do Védor, depois do almoço, deu as suas ordens e sahiu. Ella fallára verdade, ao sahir não formára plano de conducta, mas instinctivamente dirigiu-se para a Herdade. O caso de Jorge não lhe sahia da ideia.

A Anna do Védor, com as mãos na cinta, observava-os e proseguiu na objurgatoria: Com que então o snr. abbade, e o snr. doutor, e o snr. seu mano entendem que as leis d'estes reinos não foram feitas para vocemecês? A que vem agora essa cantilena, ó mulher? Dê-nos vinho insistiu o padre. A que vem? tornou a ti'Anna ahi está o meu Clemente que melhor o póde dizer.

Viva a ti'Anna! exclamou folgadamente Thomé a mais guapa das raparigas do meu tempo, sem querer fazer desfeita á Luiza. se viu qual das duas elle escolheu acudiu com igual humor a mãe de Clemente. Então que quer? Tudo n'este mundo é sorte. Além de que a ti'Anna estava tentada com aquella alma lavada do João Védor, e não se lhe dava volta.

D. Luiz ficou por muito tempo a olhar para a Anna do Védor com a vista espantada e sem articular palavra. Jorge! murmurou elle a final e quasi inaudivelmente. Sim senhor, Jorge. E que me diz v. exc.ª a isto? Jorge, Bertha... repetia o velho, assombrado com a revelação. Mulher, quem lhe disse isso? Seu filho, entre outros. Jorge!

Com grande jubilo celebrou Anna do Védor a resolução do filho. Havia muito tempo que ella lhe aconselhava aquelle passo. Que precisão tens tu, Clemente, de te metteres n'estas barafundas? Se não precisas d'isso para comer, para que has de perder o socego com coisas que te não dão interesse? pregava ella, inoculando no filho a sua philosophia um tanto egoista.

Nunca o lavrador dera importancia ás suspeitas da mulher, cujos instinctos tinham visto melhor do que a razão clara do marido. Pois se isso é verdade disse Thomé, medindo a sala a passos largos é uma grande desgraça! Oh! Ahi vem o outro! respondeu-lhe a Anna do Védor com o seu animo intemerato Credo! Parece-me um sino a tocar a defuncto. Então que grande desgraça vem a ser essa?

Anna do Védor olhou muito direita para o filho, e depois de um instante de silencio interpellou-o: E então tu, na tua verdade, ainda não lançaste as tuas vistas? Clemente encolheu os hombros como quem não podia dizer que não, nem queria dizer que sim. Ora para mim é que tu vens com isso. Lançaste, sim, e nem podia deixar de ser, que não tinhas muito onde escolher. Queres que te diga quem é?

Estas eram as maximas que o scepticismo inspirava a Anna do Védor. Clemente encolheu os hombros. Ou hei de ser regedor, ou não hei de ser. Por isso é que eu digo que vou pedir a demissão. Para injustiças é que eu não sirvo. Não quero que se diga que quando um pobre homem faz alguma coisa tudo são pressas para o prender e castigar, e porque uns senhores... Senhores?

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