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Atualizado: 24 de julho de 2025
Por fim, naquela «quinta-feira de compadres», logo na antemanhã, o amplo convés de bombordo sofria uma transformação completa. As cadeiras de repouso haviam sido recolhidas aos flancos, e agora a marinhagem fazia
Se o Luis soubesse o que ella sofria, ficando ali a vê-lo partir, debruçado na portinhola da carroagem e ainda a recomendar-lhe as suas coisas os animais, as flôres, os brinquedos abandonados!... Se elle soubesse como a pequena sentia já a solidão em que ia ficar, naquella pobre terra sem diversões e sem conhecimentos, ella que não cultivara mais amizades infantis álêm da delle!...
A pobre mãe sorria, um pouco animada por aquelle entusiasmo que lhe parecia prenúncio de melhoras. Mas não, aquilo foi como descanso da doença, como que para retomar força e voltar ao assalto com redobrada violencia. Sofria muito, a pobre alma! Já mal podia andar; melhor se poderia dizer que se arrastava, encostada ás pessôas que a acompanhavam.
Havia, porêm, uma tremenda e dolorosa mudança a do José Matias! ¿Adivinha o meu amigo como êsse desgraçado consumia os seus estéreis dias? Com os olhos, e a memória, e a alma, e todo o ser cravados no terraço, nas janelas, nos jardins da Parreira! Mas agora não era de vidraças largamente abertas, em aberto êxtasi, com o sorriso de segura beatitude: era por trás das cortinas fechadas, através duma escassa fenda, escondido, surripiando furtivamente os brancos sulcos do vestido branco, com a face toda devastada pela angústia e pela derrota. ¿E compreende porque sofria assim, êste pobre coração? Certamente porque Elisa, desdenhada pelos seus braços fechados, correra logo, sem luta, sem escrúpulos, para outros braços, mais acessíveis e prontos... Não, meu amigo! E note agora a complicada subtileza desta paixão. O José Matias permanecia devotamente crente de que Elisa, na profundidade da sua alma, nesse sagrado fundo espiritual onde não entram as imposições das conveniências, nem as decisões da razão pura, nem os ímpetos do orgulho, nem as emoções da carne o amava, a êle, únicamente a êle, e com um amor que não deperecera, não se alterara, floria em todo o seu viço, mesmo sem ser regado ou tratado, como a antiga Rosa Mística! O que o torturava, meu amigo, o que lhe cavara longas rugas em curtos meses, era que um homem, um macho, um bruto, se tivesse apoderado daquela mulher que era sua! e que do modo mais santo e mais socialmente puro, sob o patrocínio enternecido da Igreja e do Estado, lambuzasse com os rijos bigodes negros,
Mas quando esse dia?... Não sabia, não via nada claro no seu futuro. Encostada á varanda do quarto onde tanto sonhara e tanto sofria agora, passeava os olhos amortecidos por toda a montanha que limita o horizonte, e naquella ocasião, em que a primavera tudo cobria com o seu verde manto, se afofava em cambiantes de pelucia cara.
E seria, na verdade, amor o que por ela sentia ou apenas um desejo bestial: o desejo do seu corpo tam perfeito, da sua carne esplêndida, da sua beleza perturbante? Duvidava da sua sinceridade, e sofria mais amargamente por esta dúvida. O entusiasmo que a ideia duma demorada viagem pelo estrangeiro nêle despertara, em breve arrefeceu.
Mas elle sofria verdadeiramente e intensissimamente; era uma dôr material como a de lhe cortarem um pedaço do seu proprio corpo, ao vêr que tambem o pomar não soubera resistir á mudança de proprietario, na sua passividade de natureza vegetativa.
Parece que um tam estreme espiritualista, reconquistando a idealidade do antigo amor, devia reentrar tambêm na antiga felicidade perfeita. Êle reinava na alma imortal de Elisa: ¿que importava que outro se ocupasse do seu corpo mortal? Mas não! o pobre môço sofria, angustiadamente.
Tinha revoltas bruscas, respondia sêcamente, e queixava-se á Ama-Rita de que a queriam sepultar entre quatro paredes e que a tinham tirado duma prisão para a fecharem noutra peor. Manoela sofria com todas essas pequenas coisas, que se iam avolumando, tornando-a odiada por todas as outras companheiras; mas temia fazer-lhe qualquer observação receando o seu genio, que presentia violento e áspero...
Por êsse amor sofria, por êle se via condenado a viver num permanente sonho doloroso, na agitação contínua das lutas indomáveis e estéreis, oscilando entre o desejo, a noção do dever a cumprir, a agonia e o desespêro. Não tens dêstes saborosos casos na tua história lírica, Frederico? atalhou Duarte. Eu?... Que ideia! respondeu êle, perturbado.
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