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Atualizado: 16 de junho de 2025
Para aqui se encaminha a Invéja tôrpe: Tremendo, aos pés do throno se apresenta; Frio terror os membros lhe entorpece Ao encarar o Nume: Mas, assanhando a roedora serpe, Que no peito lhe pásce, a dor vehemente Lhe esperta o coração, lhe volve o acôrdo; E assim troveja a Furia: "Deosa, dominadora do Universo, Cujo imperio vastissimo confina Co'a muralha da immensa Eternidade: Branda meu rogo affaga.
Extraída que foi a seta ardente, fatal como o veneno de uma serpe, tomei a bilha, e dirigi os passos para a mansão da asceta. Os pobres velhos, lá estavam sosinhos, tristes, cegos, sem ninguem que amparasse os desgraçados, como dois passaros que as asas perdem.
Ha quatro annos apenas, que os muros da cêrca ou tapada de Mafra, estirando-se como serpe monstruosa por tres leguas, atravez de valles e outeiros, encerravam um vasto maninho coberto de sarças rasteiras, onde raro se via alevantar uma arvore solitaria, curva e pendida pelo açoutar continuo das ventanias, ou algum pequeno e enfezado pinhal perdido no meio d'aqueles mattos inuteis.
Vejo por entre dous cabos O couro que vou cozendo; Ja após outros vou vendo Muitos mareantes bravos. Ja na carreira primeira Entra a bandeira Real, Ah! Portugal! Portugal! Ja lá vai tua canceira. Dará a serpe tal Brado Do ninho que jaz, e tem Quando vir que outrem lhe vem Tirar da vinha o cajado.
Toda alegria grande e sumptuosa A porta abrindo vem ao triste estado: Se hum'hora vejo alegre e deleitosa, Temendo estou do mal apparelhado. Não vês que mora a serpe venenosa Entre as flores do fresco e verde prado? Ah! não te engane algum contentamento; Que mais instavel he que o pensamento.
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