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E por estas cauzas aalem das outras obrigações naturaaes, e Reaaes que nelle avia, nom hee de duvidar, que ho Ifante D. Affonso devera sempre de amar, e obedecer sobre todos a ElRei D. Diniz seu padre, e assi lhe acatar por aver abençam de Deos, e ha sua, ho que em principio de sua idade, em seendo Ifante nom se acha seer assi, antes ho contrairo, cuja verdade, e declaraçam em cazo, que por sua graveza nom seja doce, nem gracioza couza pera ouvir, porém ha necessidade de sua Estoria, que escrevo obriga, e constrange ami que ho nom cale, principaalmente por mostrar, que hos lizongeiros, e maaldizentes antre hos padres, e hos filhos nunca ajam lugar, nem sejam ouvidos, que se estes nom foram cridos, nom ouvera tantas cauzas de desavença dantre ElRei, e seu filho, e assi pera que se saiba quam grande erro hee daar pena, e castigo ha algumas pessoas por quaalquer maal, que delles seja dicto posto que traga em si muita cor de verdade, atee elle sem paixaõ nom seer primeiro sabido, e justificado, e tambem porque nos erros, e graveza, que se vir nas desobediencias, e desacatamentos que ho Ifante teve ha ElRei seu padre se vejam, e resprandeçaõ mais craro has boondades, e merecimentos dos filhos, quando acerqua de seus padres usarem ho contrairo.

Como ho Ifante andava posto em desobediencia, e com pouquo acatamento delRei, nom olhava has couzas de seu serviço, e da justiça com aquelle resguardo, que devia, pelo quaal ElRei era posto em grande cuidado, e muita pena, porque ho Ifante pera mais danamento de sua boondade soltamente trazia, e acolhia em sua casa muitos maalfeitores obrigados grandemente por seus crimes aa justiça, com que hos do Ifante tomavam grande ouzadia de fazerem ho maal que queriam, porque nom receavam pena, nem castigo dos maales que fizessem, nem ElRei podia delles tomar ha emenda, que mereciam, e antre estes era hum Estevão Gonçalves Leitaõ, vassallo do Ifante, e outro seu irmãao, e com outro em sua companhia, partiram de caza do Ifante seendo elle aallem do Douro, e foram teer oo caminho ha Estevaõ Fernandes Cavalleiro, e vassallo delRei, e ha Gonçalo Fernandes, vassallo de Fernaõ Sanches, e seem cauza ha ambos hos mataram, e acolheraõ-se aa caza do Ifante, que hos nom quiz entregar ha ElRei, que com grande instancia lhos mandou pedir pera delles fazer justiça.

Acabadas estas couzas ElRei D. Fernando se partio Dalcanizes com ha Rainha sua molher, e ElRei D. Diniz trouxe logo pera Portugal consigo, e por Esposa do Ifante D. Affonso seu filho, ha Ifante Dona Breatis irmãa delRei D. Fernando, filha delRei D. Sancho, e da Rainha Dona Maria, ha quaal seendo ainda mui moça, andou mui honradamente em caza delRei D. Diniz, em quanto ambos eraõ soomente cazados por palavras de futuro, cujo prometimento se fez por elles em Coimbra na era de mil trezentos e sete annos onde ElRei Diniz deu logo aho Ifante seu filho, seendo em idade de sete annos, caza mui honrada, e de muitos vassallos, e de mui ricos homens, e de seu asentamento lhe deu grande contia de dinheiro, e muitos Lugares de sua jurdiçaõ, e pera teer pessoas de seu Concelho, e pera officiaes de sua caza, e fazenda lhe deu hos homens mais principaes que em seu Regno sentio, que eraõ melhores, e mais pertencentes asi, como foi D. Martinho Arcebispo de Braga, e ho Conde D. Martim Gil de Souza, Alferes moor, e assi outros escolhidos pera todolos outros officios.

E estas Bullas autentiquas, que ho Papa enviou por certeza que has sospeitas do Ifante contra ElRei, e contra Affonso Sanches, nom eram verdadeiras, nom asocegaram ha vontade do Ifante pera deixar de ter odio, e desamor aho dicto Affonso Sanches, porque quando ho defamava, e queria matar, e desterrar, beem sabia que has cauzas, que contra elle punha, todas eram fingidas; nem abrandou de sua dureza pera com hos rogos do Papa seer obediente ha ElRei seu padre, como por Prégadores, e grandes homens em pubriquo, e em secreto lhe era dicto, antes continuava no que tinha começado, pelo quaal deixando ha Ifante sua molher em Coimbra, e com ella ho Conde D. Pedro seu irmaão, partio da i, e levando cõsiguo hos maalfeitores, e degradados, e outra gente armada, foi caminho de Leiria com fama de ir ha Lixboa em romaria a S. Vicente, mas ha verdadeira tençam de sua ida, era pera tomar, e teer Lixboa contra ElRei seu padre, e ElRei estando em Santarem, e seendo certifiquado da maneira em que ho Ifante ia, ouve taal atrevimento por grande seu desprezo, ca parecia nom aver algum temor, nem vergonha delle, nem de sua justiça, especiaalmente pelo Ifante vir com tantos omiziados tam junto delle, e como quer que ho seu primeiro movimento foi acodir logo ha esso com mais trigança, e moor aspereza, porém ouve por beem enviar-lhe primeiro dizer por Pero Esteves, e Gomes Anes seus vassallos, que lhe rogava lançasse fóra de sua companhia hos maalfeitores que levava, porque com elles mais parecia ir fazer almogavaria em teerra de imigos, que comprir com devaçaõ sua romaria em sua teerra propria.

Ho Ifante mandou combater ha Villa da quaal couza seendo ElRei avizado, ajuntou logo muitas gentes dos Concelhos da Estremadura, e das Ordens, e se veio lançar sobre Coimbra, que estava pelo Ifante, e nom entrou logo na cerqua, porque estava beem guardada, e lha defenderam, mas passou no alcacer, que estava acerqua de Saõ Lourenço.

Pois seendo desto tantas vezes combatido, que queres que nesto façamos, por ventura calarnos-emos e nom te daremos ho saaõ Concelho, que aas mister? Certamente nom.

Porque deste cazamento, que Deos quis que fosse, eu sam muito honrado, e contente folgaria que por nhum cazo, salvo por morte antre noos ambos nunqua se desfizesse, ca vos rogo, encomendo, e mando, que pera maior firmeza, e segurança delle jureis aqui ahos Sanctos Evangelhos, e façais por voos preito, e menagem ha ElRei D. Diniz, que nunqua leixarei a Ifante Dona Costança sua filha, minha molher, e seendo cazo que eu ha queira leixar, ho que Deos nom mande, que voos me dessirvaes, sejaaes com vossas pessoas, teerras, e vassallos contra mi, e com tudo ajudeis, e sirvaes ha ElRei D. Diniz, e ha seus socessores atee que torne ha viver com ella, assi como com minha molher em toda sua vida, e se eu for vivo, que aalem desso cumpra inteiramente todalas couzas que antre noos aqui saõ postas, e concordadas, e pera esto melhor, e mais livremente ho poderdes fazer, eu dagora pera entaõ vos ei pera esso por desnaturados, e vos quito todolos preitos, e menagens, e juramentos, que tee ho dia doje como vassallos me tinheis feito pera quando eu nom comprir ho que disse, vos servirdes, e ajudardes ha ElRei D. Diniz, e ha seus socessores que vos para esso requererem.

E primeiramente D. Affonso de Lacerda tinha guerra com ElRei D. Fernando ha quaal ficára começada do tempo delRei D. Sancho, porque D. Affonso era filho primeiro ligitimo do Ifante D. Fernando de Lacerda, e da Rainha Dona Branca filha delRei Saõ Luis de França, ho quaal Ifante seendo jurado por erdeiro dos Regnos de Castella, e de Liam, faleceo em vida delRei D. Affonso ho Decimo de Castelia seu pai teendo jaa filhos, ha saber este D. Affonso de Lacerda, e outro D. Fernando, dos quaaes D. Affonso era ho maior, assi por ser neto do dicto Rei D. Affonso, como por contrato do cazamento feito antre ElRei Saõ Luis de França, e ho dicto Rei seu avoo devera erdár hos Regnos de Castella, e de Liam, e por esta cauza ho dicto D. Affonso de Lacerda andando desterrado em Aragaõ, elle em vida delRei D. Sancho seu tio, em tempo deste Rei D. Fernando de Castella seu filho, se chamou, e intitulou Rei de Castella, e porque o titulo, e Regno de Liam elle hos deu aho Ifante D. Johaõ seu tio, pera que ho ajudasse, como logo direi.

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