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Atualizado: 30 de junho de 2025


Os seis volumes da correspondencia de Georges Sand são como que a ascensão d'um espirito para a região luminosa da bondade, da justiça e do amor! Á proporção que a vida lhe declina a pacificação, a doçura e a paz vêem descendo sobre o seu agitado espirito, até fazerem d'elle um exemplo de força e caridade, de resignação e de tolerancia.

Diante d'esse genio assombroso que para o mundo se chama Georges Sand, eu não indago as fraquezas que macularam tristemente uma parte da vida intima da mulher que tinha por nome de familia Aurora Dudevant.

E sahindo d'essas espheras da grandeza social para outra, mais ampla talvez, mas menos visivelmente pomposa, é em Fontainebleau, que Georges Sand e Musset dão aquelles ultimos passeios tão tristes, de uma melancolia feita de tanta saudade, quando elle sabe que não podia viver sem ella nem com ella, como diz a triste cantiga peninsular quando ella começa a perceber, que, Ashaverus femenil do amor, tem de percorrer até ao fim o seu amargo e cru fadario, sem encontrar quem satisfaça a sua sêde do infinito, sem poder parar n'essa caminhada atroz em procura do impossivel!

Parecia uma d'essas melancholicas personagens de George Sand, phantasticas e idéaes, bellas, todavia, mesmo na falsidade da sua creação, vivificada por um mysterio e conduzida áquella sala d'espectaculo, onde ostentavam-se as formosuras das moças da moda e as austeras sobrecasacas dos burguezes, sob a intensa luz do gaz. E ella estava sempre pallida, encostada levemente á grade do camarote.

Que ao exarar-se o tractado se pensava nesses escriptos inuteis, frivolos, ephemeros, contra os quaes v. ex.^a com tanta razão declama; que se pensava no ignobil industrialismo litterario que devora a intelligencia e os costumes da França; que se pensava nas fabricas parisienses de novellas, dramas, viagens, comedias, romances, folhetins, physiologias moraes ou immoraes, e não sei de que outros productos; nas fabricas de Balzac, Sue, Sand, Dumas, Scribe, Arlincourt e C.^a.

Porei portanto de parte considerações de uma ordem extranha ao assumpto que trato, ao vir transplantar para aqui as notas que a leitura da Correspondencia de Georges Sand me arrancou irresistivelmente. E de resto, que pode haver de mais interessante para um espirito de mulher, obscuro e humilde embora, do que as confidencias d'uma mulher de genio?

Ante a critica, ante a illustração, ante o bom-senso, todos somos eguaes. Joanna d'Arc, o typo da virilidade e do patriotismo, é por ventura tamanha como Victor-Hugo, o grande, Victor-Hugo, o humanitario; George Sand cathedra á altura de Byron, o primeiro poeta do universo. Para que hesitar, pois? Onde o direito de menospresar aquillo que, ao contrario, e em consciencia, devêramos santificar?

Muitas correspondencias, que n'estes ultimos tempos teem visto a luz, mais serviriam para diminuir os seus auctores de que para os engrandecer no espirito da posteridade. Em compensação outras ha, que vieram mostrar a uma luz bem mais favoravel, bem mais doce, aquelles que o mundo julgava com a sua proverbial e incuravel injustiça. A este numero pertence a Correspondencia de Georges Sand.

Eu, o maior admirador de George Eliot; eu, que reli Romola e Adam Bede, ficando ainda com desejo de ler aquellas obras primas da cèlebre romancista Ingleza; eu que presto um verdadeiro tributo ao mèrito de Staël e Sand; eu que me ufano de ter entre os primeiros literatos do meu paiz Maria Amalia Vaz de Carvalho, a mulhér que escreveu um dos melhores livros que modernamente se tem escrito ali; eu fazendo violencia ao que pensava e ao que sentia, sustentava, contra a minha convicção, uma idéa estùpida, e para contrariar aquella bôa dama, que me pagava as aggressões insòlitas com mais cuidados e com mais desvelos!

Os seus romances matam a flôr da na alma dos innocentes. Georg Sand é um bello anjo revoltado. Tem o orgulho de Satanaz na imaginação de uma mulher apaixonada. Octave Feuillet tão fino, tão delicado, deve ser lido depois dos trinta annos. Daudet um delicioso romancista, começou a escrever n'uma época doentia; ha n'elle um não sei que de morbido que entristece e que faz mal.

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