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Atualizado: 8 de junho de 2025


Cobriu-se de profunda amargura o aspeito de Damião Ravasco, ao ver que os dous freguezes de colleirinhos, depois de se escovarem reciprocamente com os lenços, e de trocarem entre si palavras mysteriosas, calcurriaram-se embora com apparencias de sãos e escorreitos.

Uns diziam que Victor havia sido amante da luveira casada agora com o conde, e lhe gatunára a herança que ella tivera d'um agiota. Esta era a opinião dos sugeitos contusos por Damião Ravasco.

D. Maria, n'aquella tarde da sova subministrada por Damião Ravasco, nutava indecisa se deveria fechar o estabelecimento e obstar a novo insulto, se affrontar animosamente as contingencias da sua posição. N'esta penosa alternativa, em que de um lado preponderava a inflexivel necessidade, e do outro lado o medo da zombaria, a encontrou Victor Hugo.

D'ahi a pouco estava outra vez o conde confidenciando a Ravasco o seu fatal amor á mulher que lhe não dava mais estimação ás qualidades pessoaes do que á riqueza e ao titulo. O mulato transiu-se de assombrado quando o millionario lhe affirmou que a luveira pobre o rejeitaria, se lhe elle offerecesse a mão de esposa. O menino lh'o disse?! interrogou Damião. Não.

Damião Ravasco soltou uns froixos de riso sêcco, esfregou as mãos, deu duas palmadas nas pernas, e respondeu: Se o menino me dissesse: «Damião, eu quero aquella mulher, custe o que custar» a mulher seria sua, ou eu me dava em corpo e alma ao maioral do inferno! Diga-me , snr. conde: como foi que se arranjou no Rio aquelle negocio da franceza que estava com o chanceller?

Das duas uma, como dizia o meu mestre de logica: se ella o ama, case com ella; se o não ama, de que lhe serve padecer? Eu não queria mulher que me quizesse por compaixão. N'esse mesmo dia, Damião Ravasco foi á loja da luveira, com o disfarce de quem passava, e perguntou a D. Maria José se queria alguma cousa para o snr. conde. Elle está bom? perguntou ella. Não, minha senhora.

O conde esforçava-se por convencêl-a de estar d'isso bem persuadido; ella, porém, sobrevinha na mesma prova, se despertava apoz um breve espaço de repouso. Assim que a desfigurada condessa ganhou forças e se docilisou ás carinhosas supplicas do marido, aprestou-se tudo rapidamente para a viagem. Da casa e direcção dos negocios do conde ficou encarregado Damião Ravasco.

Não sei, Damião... respondeu o conde reconhecido ao zelo e vehemencia dos rogos do mulato Nós o saberemos... Vae chamar medico... Não te demores. O medico não tardou; mas Damião Ravasco entrou noite alta. Dizia-se que um mulato, com o fogo do inferno nos olhos, andára perguntando de typographia em typographia se um folheto que mostrava tinha sido impresso.

N'este proposito ordenou ao seu procurador e mormente a Damião Ravasco a venda de todos os seus haveres em Lisboa, com ordem ao leal amigo de o ir encontrar a Marselha, levando comsigo Christovão Tavares e toda a familia do afortunado velho.

E nestas diligencias que lhe queimaram o sangue e centuplicaram os demonios do máo genio, andou Ravasco todo o dia e grande parte da noite. Quando chegou a casa foi muito ás surdas até á porta dos aposentos do conde. Escutou e ouviu passear na ante-camara. Bateu de mansinho. O conde sahiu á saleta. Como está a senhora? perguntou Damião. Está com febre. Não descobri nada voltou o mulato.

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