Vietnam or Thailand ? Vote for the TOP Country of the Week !

Atualizado: 6 de junho de 2025


E o Priol do Crato não se proveu de tantos mantimentos como lhe eram para tal caso necessarios, enganado nas esperanças do conde de Barcellos, e dos outros fidalgos da Beira, que prometeram tanto que a Rainha fosse em suas terras, que elles em pessoa com gentes e provimentos em abastança, seriam logo com ella, ao que nenhum d'elles quiz nem pôde satisfazer, como quer que para isso fossem da Rainha e do Priol mui afincadamente requeridos, e por este caso os mantimentos recolhidos lhes começaram de fallecer, especialmente carnes e pescados, e para os haver, pela estreita guarda e defesa que para isso havia não tinha esperança nem remedio.

Foi logo a Rainha de todo esto avisada por Gonçalo Annes, criado do Priol e alcaide do Crato, que como prudente messegeiro, lhe disse mui largamente as difficuldades que havia na defensão do castello, por ser tamanho e contra tal e tanta gente, e enfraquentou muito com vivas razões a esperança que a Rainha lhe dava, e tinha em uns oitocentos homens d'armas que a Rainha de Castella sua irmã lhe mandara para isso offerecer, dizendo-lhe «que estes não eram pagos nem juntos, e estavam ainda em Castella por suas casas.

Foi o conde de Barcellos d'esta concordia por via geral certificado, mas não se alvoroçou nada; porque da secreta dessimulação com que se fizera, foi logo pela Rainha avisado: porém elle temendo-se da prudencia e saber do Infante D. Pedro, e não segurando n'isso da constancia da Rainha, accordou com os fidalgos da sua parte de lhe notificarem o erro e desfavor que para seus feitos em tal concordia fizera, em caso que fosse fingida, de que se seguira os que desejavam seu serviço, vendo-a em poder do Regente, não ousarem de a servir, e que para isso, porque mais em breve se executasse o que desejava, ella mui secretamente se devia vir ao Crato, onde tinha mui certo o Priol com suas fortalezas a seu serviço.

Diogo Fernandes aceitou a embaixada; mas segundo o que d'elle se suspeitou, elle a não cumpriu como devera; porque chegou sómente a Alter do Chão, uma légua do Crato, e d'alli se tornou para Santarem, sem obrar nada do que lhe mandáram; dando por razão que alli fôra por maneira informado da tenção da Rainha para não fazer nada do que lhe ia requerer, que houvera por escusado ir mais adiante; mas a geral opinião foi que por ser casado com uma filha do Priol do Crato, elle era sabedor de todolos movimento passados, e que folgou de não fazer por si cousa em que a Rainha recebesse nojo nem desserviço contra seu sogro.

O Priol foi d'este recado mui triste por duas causas a elle mui contrairas, uma por viver com o Infante D. Anrique, a quem havia por grande caso e perigo não obedecer inteiramente.

E emfim a Rainha com o Priol visto todo, accordaram que o castello se entregasse, para que logo mandou Pero de Goes seu filho, que com segurança dos castellos o leixou livre, e o Regente o entregou logo ao Infante D. João, e deu em nome d'El-Rei o Priorado do Crato a D. Anrique de Castro, filho de D. Fernando de Castro, e depois a D. João d'Atayde, por cuja morte o houve tambem D. Vasco d'Atayde seu irmão.

Uma foi que em se acabando d'assentar o cerco, desceu á vista de todos tres vezes uma aguia do céo sobre um ninho de cegonha, que sobre as casas do Priol estava, e das duas vezes levou dois cegonhos novos, e da terceira não ficou o pae, que para a perdição do Priol e dos filhos foi triste prognostico.

Desfazendo-lhe os inconvenientes que apontara, com promessas e esperanças, e seguranças falsas com que lhe cegaram o verdadeiro juizo, para o que ajudaram muito dois filhos do Priol, homens mancebos, que sostinham a parte e tenção do conde, que lhes mostrava abrirem-se caminhos de suas honras, e grandes acrecentamentos.

A Rainha D. Lianor era em Cintra, e por lhe parecer que o Infante D. Pedro tinha alli taes guardas e avisos em sua casa, que para seus negocios era quasi privada de sua liberdade, sendo para isto induzida dos que seguiam sua vontade, e principalmente do Priol do Crato D. Frei Nuno de Goes; determinou para com mais licença e mór segurança enviar e receber recados, assi de Portugal como de Castella, de se ir como foi para Almeirim, junto com Santarem.

E com isto se partiu, e o notificou ao Priol, que com muita diligencia e maior dissimulação fez logo prestes a mais gente que pôde. Dando publicamente a entender por não fazer na terra suspeita nem alvoroço, que eram concertados com o Regente, e que para o mais obrigarem o queriam ir honradamente servir, de que toda a terra mostrou ser mui alegre.

Palavra Do Dia

curvar-me

Outros Procurando