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Atualizado: 2 de junho de 2025
Mostrou-me o meu amigo os dous numeros do Periodico dos Pobres, que diziam assim: «MENINA PERDIDA. No dia 31 de julho pelas 8 horas da noite appareceu batendo a uma porta na rua de Sant'Anna, freguesia de Mathosinhos, uma linda menina, de idade de 4 annos, branca, bem nutrida, cabello louro liso, com uma trança de perto de um palmo, olhos grandes azues, vestido curto de cassa riscada de vermelho, guarnecido de trancelim; calça de paninho branco com dous entremeios de renda; saia de paninho, e outra de baeta de algodão; collete de atacador de linho; chapéo de papelão coberto de sêda verde; sapatos de duraque cinzento acoturnados com botões ao lado, meia comprida de linha, ligas de fitas de nastro cosidas nas meias; diz chamar-se Amelia, e que a mãi se chamava Anninhas, a qual vivia com um snr.
Para o alegre Potte não havia difficuldades; tirou do fundo do seu provido alforge uma fofa nuvem de algodão em rama; envolveu n'ella delicadamente a Corôa d'Aggravo, como uma joia fragil; depois com uma folha de papel pardo e um nastro escarlate fez um embrulho redondo, sólido, ligeiro e nitido... E eu, sorrindo, enrolando o cigarro, pensava n'esse outro embrulho de rendas e laços de sêda, cheirando a violeta e a amor, que ficára em Jerusalem, esperando por mim e pelo favor dos meus beijos.
Elles eram semelhantes no papel, no formato, no nastro!... O da camisa jazia no fundo escuro do guarda-fato; o da reliquia campeava sobre a commoda, glorioso, entre dois castiçaes. E ninguem lhes tocára: nem o jocundo Potte; nem o erudito Topsius; nem eu! Ninguém com mãos humanas, mãos mortaes, ousára mover os dois embrulhos. Quem os movera então? Só alguem, com mãos invisiveis!
Então Maricoquinhas, com uma inspiração delicada, agarrou uma folha de papel pardo, apanhou do chão um nastro vermelho; e as suas habilidosas mãos de luveira fizeram da camisinha um embrulho redondo, commodo e gracioso que eu metti debaixo do braço, apertando-o com avara, inflammada paixão. Depois foi um murmurio arrebatado de soluços, de beijos, de doçuras... Mary, anjo querido!
Acordando do seu langor, trémula e pallida, mas com a gravidade d'um pontifice, a titi tomou o embrulho, fez mesura aos santos, collocou-o sobre o altar; devotamente desatou o nó do nastro vermelho; depois, com o cuidado de quem teme magoar um corpo divino, foi desfazendo uma a uma as dobras do papel pardo... Uma brancura de linho appareceu... A titi segurou-a nas pontas dos dedos, repuxou-a bruscamente e sobre a ara, por entre os santos, em cima das camelias, aos pés da Cruz espalhou-se, com laços e rendas, a camisa de dormir da Mary!
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