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A menina aconchegava-se d'ella olhando-a com susto, e circumvagando a vista assombrada pelas tapeçarias e colgaduras de ouro e prata, de veludo e damasco entre as quaes lampejavam contadores marchetados de ouro e marfim, grandes cofres abaulados de tartaruga e prata, bofetes torneados com feitios de dragos e serpentes, jarroens japonezes encimados das peregrinas flores que recendiam nos jardins do paço da Ribeira, redomas de christal, relogios de Inglaterra com primorosos relevos de esmalte, as pompas de toda a terra conglobadas n'aquelle palacio, que então pompeava primasias sobre as mais esplendidas côrtes da Europa, graças á baixella da duquesa de Mantua, que nunca lhe foi restituida.

Sósinho, de ruina em ruina, vivia com o passado, e dava pouquissima de sua admiração ás grandezas do presente. Conversava com Ovidio em Sulmona, com Virgilio em Mantua, e com Horacio em Tibur. Deliciavam-no mais as ruinas do theatro de Marcellus, que as pompas do Vaticano.

Representações a Filippe IV, e satyras aos portuguezes infamados de hespanholismo, em fim a gazeta manuscripta, como ella podia clandestinamente correr n'aquelle tempo, começou a circular, em 1635, logo depois, que a duqueza de Mantua chegou a Lisboa.

Veio a corte para Lisboa, desterraram-no para Santarem; depois para Africa, e por derradeiro para a India, d'onde voltou á mercê d'alguns passageiros. Não são de mais estes exemplos referidos a um galan de Guimarães que vai implumar as azas debaixo dos tectos reaes da vice-rainha duqueza de Mantua para depois voar... Sei todas essas historias, sr. provedor atalhou Domingos Leite.

Succedeu-lhe Filippe III, e esse tinha um primeiro ministro chamado conde-duque de Olivares, que imaginou que havia de acabar com os privilegios das provincias, principalmente com os de Portugal. Não pensava n'outra cousa, de fórma que deixava ir as colonias, e no Brazil os hollandezes tinham tomado raizes, e estavam senhores de Pernambuco. Mas os portuguezes começaram a achar a brincadeira pesada e a refilar ao Olivares. Em 1637 rebentou uma revolta em Evora, foi logo apagada, mas com muito sangue. Peor para o caso. Os fidalgos, que andavam tambem damnados, principiavam a conversar com o duque de Bragança, D. João, e a apalpal-o para ver se elle quereria a corôa. O duque não dizia nem que sim, nem que não. Mas n'isto a Catalunha, que tambem não perdoava ao Olivares a sem-ceremonia com que elle lhe queria tirar os seus antigos privilegios, revolta-se. Boa occasião! Os fidalgos, em Lisboa, sentiam-se cada vez mais dispostos a mandar os hespanhoes para o diabo. O Olivares não fazia senão desesperal-os e atiçal-os. Tinha-lhes dado por governador a duqueza de Mantua, e para secretario do governo um portuguez, Miguel de Vasconcellos, que era mais damnado contra os seus patricios do que se fosse hespanhol. Emquanto deixava perder as colonias portuguezas, Olivares levava os nossos fidalgos e os nossos soldados para as guerras de Flandres e da Catalunha. Lembra-se emfim de dar ordem ao duque de Bragança para que para Madrid. Então é que se não podia estar com pannos quentes. Os fidalgos dizem ao duque de Bragança: Ou acceita a corôa, ou nós pomo-nos em republica. O duque, a final, disse que sim. Com a bréca! aquillo foi um momento. Era um punhado de homens, os que andavam assim a conspirar; elles não sabiam se podiam contar com o povo, nem se não podiam, conspiravam ás claras, que parece que em Lisboa todos sabiam da conspiração menos os hespanhoes; reuniam-se umas vezes em casa de João Pinto Ribeiro, outras vezes em casa de D. Antão de Almada, no jardim. No dia 1 de dezembro de 1640 saem todos para o meio da rua. Eram quarenta, pouco mais ou menos. Chegam ao paço, matam o Miguel de Vasconcellos, agarram na duqueza de Mantua e fecham-n'a á chave, desarmam a guarda, abrem as janellas, e dizem a quem ía passando: Viva o duque de Bragança, rei de Portugal! viva o sr. D. João IV! O povo diz-lhes de baixo: Viva! e viva, e viva! e eram uma vez os hespanhoes, e d'ahi a pedaço estava tudo tão socegado como se não tivesse havido cousa nenhuma, e os hespanhoes tinham desapparecido; e aqui têem vocês como se faz uma revolução quando ella está na vontade de todos. Digo-lhes, rapazes, que este dia 1 de dezembro consola uma pessoa. Parecia que o paiz não tinha feito senão acordar de um pesadello. Aquillo foi saltar da cama abaixo, e elle ahi estava de , todo pimpão como em outros tempos. E sabem vocês porque isto foi?

Temendo que os criados fossem outros, hesitou em dar signal; mas, porque a noite se adiantasse, e o medo de ser conhecido pelos transeuntes o obrigasse a fugir por vêzes da visinhagem da casa, resolveu bater no postigo e proferir o nome do escudeiro, que o servia desde que elle entrára no paço da duqueza de Mantua, na qualidade de môço da capella.

Era este amor, inspirado pelas imagens dos templos, tão desvairado como a paixão do artista grego pela estatua eburnea que palpitava debaixo do escôpro. Santa Rosa de Lima amava uma imagem da Virgem que tinha nos braços o bambino. Ozana de Mantua, diante de uma imagem linda, caía em extasis.

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