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A esbelta silhueta rendilhada do mais suggestivo padrão da nossa gloria militar e maritima, não emerge da areia loura do Restello, em deslumbradora apotheose, na vasta luminosidade do ceu e da agua, destacando-se das collinas de Monsanto, como a alvura de uma hostia em elevação se destaca do fundo de um retabulo esmeraldado, em altar de ouro fulvo, sob uma abobada azul.

Humanisou o christianismo; quebrou-lhe a rigidez e a seccura, amortecendo os rigores da consciencia, que elle facilmente accusa, pela uncção da suavidade, que a cada passo vae derramando entre os homens. Mais do que isso: soube como ninguem, pelo poder do genio, trazel-o á terra, infundil-o em todas as cousas creadas, vividas e sentidas, infundil-o em a natureza inteira por uma insinuação cheia de mysterio, que todavia nos arrebata em encantos de doçura e luminosidade intraduziveis. Esse dia santo, que elle celebrou com palavras que ficam como pergaminhos da nobreza de uma geração e seu orgulho, maravilha da união subtil mas vigorosa do amor divino e do amor terreno, do amor das cousas da terra santificado pela presença de espiritos angelicos, será perpetuamente o espelho da candura religiosa. «Um dia santo; um dia santo!...» disse o poeta comovido, deixando transbordar os seus affectos. «Assim juntas, estas duas palavras são as mais sonoras, as mais pinturescas, as mais saudosas da nossa lingua; para mim, ao menos. De todas essas memorias passadas, cujas ruinas o descrer da edade de homem me tem alastrado pelo coração, uma sei eu que vive ainda n'elle fresca e viçosa, e que me parece morrerá quando eu morrer.

Assim, para Joaquim Costa na Espanha, morrendo na velha , ter a apoteose admiravel que foi o seu enterro, justiça triunfal a um lutador de sempre, foi preciso que o partido republicano espanhol emudecesse os intolerantes negros e escarlates com a luminosidade e generosidade da obra do extinto, gloria peninsular e mundial.

O pastor, attonito, deslumbrado, arrastava-se tacteando e a caverna, a mais e mais aclarada, parecia toda uma chamma alva como se um luar maravilhoso a enchesse magnificamente. Os dois homens, atordoados, não falavam estendiam as mãos e os seus dedos chammejavam como raios d'astros e da luminosidade desprendia-se um perfume, novo na terra, aroma celestial que enlevava como um encantamento.

Portanto, traducção, adaptação ou imitação, esse bello livro é, de qualquer forma, uma obra superior. As excepcionais faculdades poeticas de Antonio Feijó, a sua ponderação, o seu gosto, a luminosidade e elegancia do seu verbo, o seu poder de linha e de colorido, a sua technica admiravel e conscienciosa, patenteiam-se n'elle de uma maneira brilhante, impoem-se triumphantemente á nossa admiração.

A inspiração do poeta é nobre e ousada, porque é dirigida pelo carinho tutelar da belleza e da humanidade. Elle faz da sonoridade das palavras a escolha mais rythmica, mas quando essa phonetica obedeça doutamente á minucia exigente do seu espirito raro d'estylista alexandrino, ornado, expandido nas bellas lettras. A sua Arte é toda harmoniosa d'ironia; d'essa ironia, d'essa deidade antiga forçando a intelligencia a perdoar aos homens a sua presença ruidosa e feroz, para a posse da mais gentil das coragens: sorrir! Então António Botto não faz da eterna ignorancia uma tortura, mas uma suave piedade. Dentro do mysterio Universal: do seio que sente e concebe, da semente que germina e emsombra, nada será espantoso, nada será extranho. As combinações abstractas o poeta cede as combinações sensiveis; a emoção pura, a sensibilidade consciente, a toada muzical e branda. A sua tranquilla acceitação dos dilêmas ímmutaveis pairando na vida, a sua comprehensão logica, a sua natural intuíção, animam-nos d'um prazer juvenil ao fallar do Artista e das suas Canções. Cantam ellas a tréva do saber mesquinho dos homens, a illusão d'onde nascem as angustias para a posse das venturas, a amizade nos peitos como desenhos pueris na superficie das aguas. Cantam dôces crepusculos, onde o Ideal, na solidão e na morte, é sempre perfeito porque fóge como os Sóes. São canções onde a angustia é uma elegia de condescendencias. O homem nascendo para acreditar e para servir, o seu fanatismo vibra não das verdades mais demonstradas, mas, das illusões mais bellas. Essa illusão é a Arte, essa Arte uma dôce ironia de confôrto bello. E o homem vae sempre imaginando e soffrendo. Entre Platão e Phidias, Lucrecio e Virgilio, os Medicis e Miguel-Angelo, Luiz XIV e Racine, Goethe e Beethoven, existe a mesma comunhão de luminosidade divina, onde Jesus e São Francisco d'Assis, passam amenamente, para fazer reinar no coração dos homens uma esperança sem fim e um encantamento sem verdade. Cantar a bondade ou a belleza humana, é reconsiliar a humanidade com a sua impudicia e o seu egoismo. Impudicia e egoismo, perduraveis razões de todo o sêr humano!

Quando morrer na cella do mosteiro, Á cova n'um esquife hão de leval-a; Serão então os braços do coveiro Ultimos e primeiros a abraçal-a... Abril Enorme, arredondado, reluzente, Como se fôra um olho de Titan, O sol no azul olhava fixamente A natureza lubrica, pagã. E á luminosidade transparente Do céu avelludado da manhã, Um melro ia cantando alegremente Uma canção brejeira e folgazã.

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