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Pretidão de Amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocára a cór. Leda mansidão, Que o siso acompanha, Bem parece estranha, Mas barbara não. Presença serena, Que a tormenta amansa: Nella emfim descansa Toda minha pena. Esta he a captiva, Que me tẽe captivo; E pois nella vivo, He fôrça que viva. Quem ora soubesse Onde o Amor nasce, Que o semeasse! Voltas.

Que se possivel fosse que tornasse O tempo para traz, como a memoria, Por os vestigios da primeira idade; E de novo tecendo a antigua historia De meus doces errores, me levasse Por as flores que vi da mocidade; E a lembrança da longa saudade Então fosse maior contentamento, Vendo a conversação leda e suave, Onde huma e outra chave Esteve de meu novo pensamento, Os campos, as passadas, os sinais, A vista, a neve, a rosa, a formosura, A graça, a mansidão, a cortezia, A singela amizade, que desvia Toda a baixa tenção, terrena, impura, Como a qual outra alguma não vi mais... Ah vãas memorias! onde me levais O debil coração, qu'inda não posso Domar bem este vão desejo vosso?

74 Enche-se toda a praia Melindana Da gente que vem ver a leda armada, Gente mais verdadeira, e mais humana, Que toda a doutra terra atrás deixada. Surge diante a frota Lusitana, Pega no fundo a âncora pesada; Mandam fora um dos Mouros que tomaram, Por quem sua vinda ao Rei manifestaram.

A noite se passou na leda frota Com estranha alegria não cuidada, Por acharem em terra tão remota A venda nova d'elles desejada. Disse o Mourisco alli: Venga la bota! Na castelhana lingua d'elle usada. Elles que no beber tanto se esmeram, A seu mandado logo obedeceram.

Nesta florída terra, Leda, fresca e serena, Ledo e contente para mi vivia; Em paz com minha guerra, Glorioso co'a pena Que de tão bellos olhos procedia. D'hum dia em outro dia, O esperar m'enganava: Tempo longo passei; Com a vida folguei, porqu'em bem tamanho s'empregava. Mas que me presta ja, Que tão formosos olhos não os ha?

Tem por entretenimento a mania de fazer versos, e cedeu-me uns que estava compondo e que lhe pedi; são versos certos, euphonicos, mas em que não se percebe nunca a idéa e em que as palavras baralham tudo: Amei, infanta e leda como a aurora Dos sonhos d'esse infante adormecido; Ao rei o teu gemido, o teu trovar, Ao throno o teu sondar encanecido.

E se meus rudos versos podem tanto, Que possão prometter-te longa historia De aquelle amor tão puro e verdadeiro; Celebrada serás sempre em meu canto: Porque em quanto no mundo houver memoria, Será a minha escriptura o teu letreiro. Aquella triste e leda madrugada, Cheia toda de mágoa e de piedade, Em quanto houver no mundo saudade Quero que seja sempre celebrada.

Palavra Do Dia

imperceptivel

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