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Atualizado: 16 de maio de 2025
D'outras vezes é tão grande a gritaria que vem de lá do moinho que as mulheres, coitadas, pôem-se a chorar baixinho com medo de fazer barulho. Até o senhor prior que não acreditava foi lá sósinho pra desencantar o bruxedo com agua-benta porque as mulheres gritavam pra não deixar ir os maridos... e fizeram bem porque o senhor prior, não se sabe d'elle!
Joãosinho, quando V. m. andava atraz da filha do letrado, com a beiça cahida, não lhe disse eu que a rapariga, ás duas por tres, se lhe apparecesse marido com chelpa era como se nunca nos vissemos!? E agora queria que eu lhe dissesse mundos e fundos d'uma feiticeira que só apparece de noite a dizer anzonices ao sete-estrello!? Deixa-me benzer, e Deus me tenha da sua mão, e mais a V. m. que o vi nascer e desde que anda por cá á sua vontade arranja sempre bruxêdo que o tolhe.
São as feiticeiras e bruxas, por via de regra, mulheres velhas, pobres, feias, immundas, e de genio melancholico, ou colerico. Estes motivos bastam para o vulgo as aborrecer, e para justificar a seus olhos qualquer accusação que lhes façam de feitiçaria ou bruxedo.
«Anjo bento! isso é bruxêdo! Cruzes, canhoto! Terá ella fadario? Fadario tem V. m. de toleima, tia Poncia! Vive commigo ha tantos annos, e parece que está cada vez mais tonta! «Quem? eu! tonta eu, porque lhe digo as verdades, snr. João! Eu não lhe disse que a Vicencia era uma trapalhona, que lhe dava volta ao miôlo!? Diga, snr.
Eu procurarei, no emtanto, absolvêr-me do venial pecado. Ia dizendo que, ao aproximar do ano 1000, entre os cristãos se espalhara a crença de que o mundo ia acabar e que o terrôr do Fim exilára das bôcas pálidas o riso claro e sonóro de outras eras. Breve, porém, se desfez o cauchemarêsco bruxedo.
Que era bruxedo tive eu logo de fé; muitos que m'o ouvem riem-se, e tal; deixal-os rir; ha bruxas; que isso sei eu; ¡e então ali! ¡tão tarde! Por força era algum sabbado lá d'ellas, que as taes amigas juntam-se de noite a fazer os seus sabbados, o mesmo como nós no Natal á meia noite... Ha muita comezana de creanças, sarrabulhos de sangue, cambalhotas, e umas rizadas..... que até Deus se admira.
Parece bruxedo! gritou o Barrôlo, depois d'um abraço, que repetiu, com desacostumado fervor. Estava agora mesmo para te mandar um telegramma, que viesses... Para quê? O Barrôlo gaguejou, com um riso reprimido que o illuminava, o inchava: Para quê? P'ra nada... Quero dizer, para a Eleição! Pois a Eleição é além d'ámanhã, menino! O Cavalleiro chegou hontem. Agora volto eu do Governo Civil.
Com que, como eu já disse, ao outro dia vi as gallinhas ao redor das bestas; torno-as a pôr na carga, e digo logo: A Santa-Cruz não vão vocês de certo; nem vocês, nem a carga dos presuntos, nem nada que aqui vai, ¡com trinta infernos! Servos de Deus tão bons, tão meus amigos, ¡haviam comer tal! ¡metter no corpo talvez quanto bruxedo ha neste mundo!
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