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Aquella apparição, como transtornára o aspecto da scena, como déra aos cantos e aos risos um tom sobrenatural, tornára immoveis quasi os collegas de Safio. Se não fosse o movimento que faziam para se aconchegar uns aos outros, dir­-se-hia que ella os havia petrificado. O suor innundara-lhes a fronte, e o frio corria-lhes pela espinha dorsal.

Se vós, leitora, que talvez por mais de uma vez apregoastes que não credes em muita cousa natural, quanto mais nas que o não são, visseis o que Safio e os festeiros de Gaya estavam vendo, a côr do rosto vos fugira, como a elles lhes fugiu, e talvez, como a vossa organisação não é a de qualquer petintal, um desmaio vos tirasse de sustos.

Que se apegue com a Virgem, não com a gente, que nada póde com encantos. Oh de terra! soccorro, por Deus, que se me fina esta desgraçada! tornou João Bispo com uma inflexão de voz, que denotava o desespero que ia naquelle coração. Safio e Canhoto, por um impulso sobre o qual nem tempo tiveram de reflexionar, correram á praia.

Safio approximou-se da rocha junto da qual o bésteiro se debatia, segurando sempre a mulher de branco. Uma mão a esta pobre, que mal respira. ­

Garifa... minha pobre Garifa! murmurava o bésteiro. Safio, chega-lhe vinho; um trago não lhe fará mal, gritou João Canhoto; e em seguida, tomando o pichel que o seu companheiro trazia á cinta, derramou algumas gotas sobre os lábios da desfallecida moça, ao passo que este resmungava, vendo correr o licôr a que não parecia desaffeiçoado: Boa cera com ruins defuntos!

João Bispo lançou-­lhe um olhar terrivel, e fez um movimento, como se tentasse desafogar em cólera contra o imprudente marinheiro todo o peso do coração, e estallar, quando Garifa moveu os lábios fazendo um gesto de repugnancia. Basta, Canhoto, basta! acudiu Safio, que não reparara no bésteiro; vais fazer perder a alma á ra­pariga.

Uma grande porção de galeotes, petintaes e espadeleiros de Gaya e Villa Nova arranhavam em violas, tocavam tamboril, ou cantavam, fazendo coro, a canção entoada por um rapaz alto e de ar jovial, que era nem mais nem menos o Safio apregoado por João Canhoto.

O linheiro, porém, bamboando a cabeça, resmuneou estas palavras, mal ouvidas de Pires: O que vossê merecia, sei eu. Que regouga? disse-lhe o da Maya. O senhor... replicou Antonio José ainda ha-de topar quem lhe uma boa lição. Vá-se embora redarguiu Pires Se não, atiro-lhe areia aos olhos. A mim?! disse com um sorriso azedo o linheiro. E enterro-o n'esta praia, como quem enterra um safio pôdre.

Com pequenas excepções, o amor no seculo XIV tinha em Granada as mesmas leis que na côrte da condessa de Champagne. O leitor poderá agora dizer-nos o mesmo que Safio a Vasco e João Canhoto: Deixemo-nos dessas cousas. O marinheiro accrescentou: Vamos: a noite de S. João é para descantes e folias! Venham as moças para o terreiro.

Os petintaes, galeotes e mais festeiros pouco a pouco se tinham approximado, ouvida esta exclamação, e vendo que se não tratava de mais do que de arrancar á morte uma creatura, o exemplo de Safio e Canhoto foi seguido, e, instantes depois, João Bispo a depositava em terra a sua preciosa carga. De novo reinou o silencio.

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