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E foi ainda o prestante Rinchão que me mostrou esse primeiro andar, junto ao largo dos Caldas, onde ella agora vivia patrocinada por Eleuterio Serra, da firma Serra Brito & C.^a, com loja de fazendas e moelas na Conceição Velha.

Toda essa semana, então, a idéa de vêr Paris brilhou incessantemente no meu espirito, tentadora e cheia de suaves promessas... E era menos o appetite d'esses gozos do Orgulho e da Carne com que se abarrotára o Rinchão, que a anciedade de deixar Lisboa, onde igrejas e lojas, claro rio e claro céo, me lembravam a Adelia, o homem amargo de capa á hespanhola, o beijo na orelha perdido para sempre... Ah! se a titi abrisse a sua bolsa de sêda verde, me deixasse mergulhar dentro as mãos, colher ouro, e partir para Paris!...

Com uma ferradura de rubis na gravata, o monoculo pendente d'uma fita larga, uma rosa amarella no peito, o Rinchão impressionava, quando por entre o fumo do charuto esboçava traços do seu prestigio: «Uma noite no Caffé de la Paix, estando eu a cear com a Cora, com a Valtesse, e com um rapaz muito chic, um principe...» O que o Rinchão tinha visto! o que o Rinchão tinha gozado!

Era, um domingo, noite de partida da titi; eu devia recolher religiosamente ás oito horas. Cocei a barba, indeciso. O Rinchão fallou da brancura dos braços da Adelia: e eu comecei a caminhar ao lado do Rinchão, enfiando as luvas pretas. Munidos d'um cartucho de pasteis e de uma garrafa de Madeira, encontrámos a Ernestina a coser um elastico nas suas botinas de duraque.

Godinho, coitado, fôra para o hospital n'uma maca. Desci, triste, ao comprido das grades do Passeio. E, no crepusculo humido, tendo roçado bruscamente por outro guarda-chuva, ouvi de repente o meu nome de Coimbra, lançado com alegria. Oh, Raposão! Era o Silverio, por alcunha o Rinchão, meu condiscipulo, e companheiro de casa das Pimentas.

Porque nunca mais me esquecera, desde a noite em que o Rinchão me levou ao Salitre, o beijo que ella me dera, languida e branca, sobre o sofá.

Ella entrou, um pouco constipada, com um chale vermelho pelos hombros. Reconheceu logo o amigo do Rinchão; fallou da Ernestina, com severidade, chamando-lhe «porcalhona.» E a sua voz enrouquecida, o seu defluxo, davam-me o desejo de a curar nos meus braços, d'um longo dia d'agasalho e somnolencia, sob o peso dos cobertores, na penumbra molle da sua alcova.

E sahiu, atirando a porta com furor, deixando-me aniquilado. Venturosamente, n'essa noite, encontrei o Rinchão em casa da Benta Bexigosa, e recebi d'elle uma consideravel encommenda de reliquias. Com a generosa pecunia que me deu o Rinchão paguei á Pomba d'Ouro; e tomei prudentemente um quarto na casa d'hospedes do Pitta, á travessa da Palha. Assim, diminuia a minha prosperidade.

No fim de setembro, o Rinchão chegou de Paris: e um domingo, á noitinha, á volta da Novena de S. Caetano, entrando no Martinho, encontrei-o, rodeado de rapazes, contando ruidosamente os seus feitos d'amor e de gentil audacia em Paris. Tristonho, puxei um banco e fiquei a ouvir o Rinchão.

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