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De repente mudava-se o quadro. Via uma cruz tosca, n'um cemiterio de Pescadores pendurado ao mar. Rosina, demudada e lutuosa, chorando ao da cruz. Pietro, chorando ao de Rosina, com a harpa silenciosa poisada diante de si. E seu filho morto, sem o haver conhecido, sem o ter beijado sequer! Outras vezes sonhava com a lividez da fome nas faces de Rosina, da criança, e de Pietro!

Aprendeu tudo quanto eu lhe ensinei acrescentou pausadamente Pietro e sabe mais do que aprendeu. Deus nunca desampara os desgraçados! O talento foi o patrimonio com que Deus dotou a minha neta. Mas olha que é um capital cujo rendimento chegava bem para nós dois! A pequenita bastava-lhe roçar com as azas pelas cordas: logo sahia musica. Ora a nossa sociedade artistica vae dissolver-se. Da morte não se appella. Um dos socios, o gerente, retira-se para a... eternidade. Fica o outro, que por ser de menor edade não tem ainda credito na praça.

Feito o reconhecimento, Giovanni entregou-lhe a filha e os papeis que recebera, e diziam assim: MANUSCRIPTO DE PIETRO Estas são as minhas memorias. Dito-as para serem lidas por Augusta ou seu pae, se é que não morreu, para esclarecimento d'algum d'elles, ou de ambos, se Deus o permittir. Felizmente aprendi a escrever, e fui nos primeiros annos da minha vida empregado n'um escriptorio.

E acrescentou: Vae descançado, Pietro. Tua neta, pois que assim lhe chamas, não ha de soffrer mal algum. Eu tenho sido até hoje escravo da minha fidelidade. Tenho andado pelo mundo atraz d'esses musicos, que afinal me não pagam. Nasci preguiçoso, é verdade, Deus me perdôe, mas tu bem sabes que me não pegou ainda ponta de vicio. Nem bebo nem jógo. Fumar, fumo eu, mas isso é apenas um mau habito.

Como de certo morro aqui, porque a minha doença é grave, apenas tenho a pedir que rezem um Padre Nosso pela minha alma, quando abrirem este documento, que fica em poder de Giovanni. Fechado em Londres aos 25 de novembro de 1815: PIETRO. Epilogo Estava escripto no livro dos destinos que não houvesse felicidade completa para Graça Strech.

Ia ver Rosina e seu filho; agradecer a Pietro a protecção que provavelmente a uma e outro tinha dispensado, porque Rosina devia ser mãe havia quatro annos. A carta perdida era decerto a boa nova da maternidade... Mas, logo o animo, vesado a tristes phantasias, descontava esta esperança com vagos receios. Todavia a visita ao cemiterio de Cedofeita insinuava-lhe na alma o doce calor da .

Acudia afflictivamente Graça Strech a fazer o retrato do velho Pietro para auxiliar a memoria dos interrogados. Harpistas velhos havia tantos, uns que viviam em Napoles, outros que passavam por , que por fim de contas a população lembrava-se de todos e não se lembrava de nenhum. A declaração de chamar-se Pietro nada aproveitava.

A historia do velho e da criança fez profunda impressão no animo attribulado de Graça Strech. Perdeu-se em conjecturas. Seria Pietro? Haveria morrido Rosina? O estalajadeiro não soube dizer-lhe o nome do harpista. Sobretudo, a ideia da morte de Rosina enlouqueceu-o de dôr.

Mas tambem quem conhecia em Napoles Rosina Regnau? Bem se podiam lembrar de ir saber ao correio. Pietro andava por fóra com a sua harpa; Rosina estava cuidando do filho: não se lembravam. As mealhas que Pietro recolhia, e generosamente repartia provavelmente, abastavam a alimentação dos trez.

Fez porém um esforço, que devia tel-o prostrado a não ser ainda aquella a hora de avistar a Terra da Promissão. Apartou febrilmente o grupo, relanceou por sobre as cabeças um olhar d'aguia, e com um grito fez emmudecer a harpa e affastar a gente que rodeiava a harpista. Um homem de meia edade, que não era decerto Pietro segurava a harpa, tangida por uma pequenita vestidinha de preto.

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